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    Romero Britto só não liga seu nome a cigarro

    CHICO FELITTI
    COLUNISTA DA "SÃOPAULO"

    10/08/2014 02h10

    Falar com Romero Britto sobre seu trabalho é como deixar a TV ligada nos comerciais: a cada quatro segundos salta um nome de marca.

    O artista plástico pernambucano radicado em Miami há 28 dos seus 50 anos ficou famoso por usar cores berrantes, que podem ser encontradas em galerias de arte, espaços públicos e (mais do que tudo) gôndolas de supermercado.

    Há 2.900 produtos ligados ao nome do artista à venda na Amazon.

    Só durante a Copa, ele desenhou dois relógios da Hublot e uma Barbie. Há semanas, lançou uma linha de odorizador para casa com a Bom Ar AirWick, uma linha de roupas de bebê e uma lata para guardar baralho.

    Leia a seguir trechos da conversa que Britto teve com a Folha por telefone.

    Divulgação
    Produto licenciado pelo artista brasileiro Romero Britto
    Produto licenciado pelo artista Romero Britto

    De onde vem sua relação com licenciamentos?

    Romero Britto - A minha ideia sempre foi que minha arte pudesse ser acessível a todas as classes, não só a colecionadores.

    Os licenciamentos trazem liberdade, além de dinheiro?

    Não estou dependendo de museu nem de galeria que me represente. Em vez de ter uma galeria me representando, tenho minha arte estampada na garrafa de Coca-Cola, e ela é vista por mais gente que só um clubinho. A palavra exclusiva eu não quero usar, não. Pode ser especial, mas para todos.

    As empresas o procuram para customizar produtos?

    Sim! Muitas empresas ficam sabendo da minha proposta e me procuram. Só posso lidar com quem tem distribuição. No Brasil tem uma equipe que cuida disso.

    Quanto tempo gasta com trabalho para licenciamento e quanto para encomendas feitas por empresas?

    Tudo começa de uma obra de arte. Eu não estou envolvido em todo o processo de licenciamento. É mais ou menos 35%, 40% do meu tempo. Tenho a ideia inicial e aprovo quanto está pronto.

    Existe algum produto em que não botaria suas cores?

    Vou dizer uma coisa pra você: cigarro não me interessa.

    Há no Brasil aparelhos dentais, tatuagens e roupas de camelô com desenhos seus. Como vê esse uso?

    É tanta coisa que as pessoas fazem que não é legal nem aprovado. É um grande problema para mim. O sucesso traz problemas.

    Que conselho daria às famílias de artistas que começam a licenciar seus catálogos?

    Tem de patentear imagens e ter uma pessoa para cuidar de aprovação e da qualidade. Tem de pôr na mão de profissionais. E também: trabalhar com grandes empresas é melhor, pequenas empresas dão mais problema.

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