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    Mostra quer revitalizar hospital centenário de SP com grandes artistas

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    09/08/2014 02h00

    Uma invasão artística tomará um conjunto centenário de prédios em estilo neoclássico na região da avenida Paulista.

    O antigo hospital Umberto Primo –mais conhecido pelo nome da família que o construiu, Matarazzo– receberá de uma só vez trabalhos de mais de cem artistas contemporâneos a partir de 9 de setembro.

    A mostra "Made by... Feito por Brasileiros" ocupará cinco prédios por um mês, cerca de 8.000 m² dos 27 mil m² do terreno, com obras de brasileiros como Beatriz Milhazes, Tunga, Cildo Meireles e Lygia Clark (1920-1988); além de estrangeiros como a americana Francesca Woodman (1958-1981), o também americano Kenny Scharf e a portuguesa Joana Vasconcelos.

    O local está desativado há mais de 20 anos e em mau estado de conservação. A exposição, diz a curadoria, pretende resgatar o valor histórico do local e definir seu futuro como "polo cultural".

    Segundo o curador, o francês Marc Pottier, a maioria das obras é inédita e "feita para se relacionar com o lugar". Salvo a escolha de poucas figuras já mortas, o critério de seleção de artistas foi a "capacidade de interagir bem nesse ambiente".

    No mesmo período, será lançado um livro homônimo que traça o panorama da arte contemporânea brasileira, listando seus principais criadores.

    ARTE CHAMARIZ

    O Ministério da Cultura aprovou a captação via lei Rouanet de R$ 12,6 milhões para a montagem, mas o projeto conseguiu até agora R$ 2,5 milhões.

    A proposta de revitalização do edifício não pode se encerrar no evento, alerta o marchand Ralph Camargo. "Senão fica aquele oportunismo de usar nomes consolidados de arte como marketing cultural", diz.

    Com ele concorda Giselle Beilguelman, artista e professora da FAU-USP. "Lógico que fazer uma exposição é melhor que não fazer, mas essas iniciativas devem vir atreladas a políticas culturais perenes", afirma ela, segundo quem o "mercado imobiliário tem instrumentalizado a arte para domesticá-la".

    Um dos grandes nomes que participam da mostra, Nuno Ramos diz: "No Brasil, isso vira shopping. No resto do mundo vira centro cultural, e ali dá para fazer algo lindo".

    Erguido em 1904, o hospital funcionou até 1993, quando foi desativado pelo Estado, após anos de crise, e tombado como bem cultural de interesse histórico-arquitetônico.

    O grupo francês Allard comprou o complexo em 2011 e quer transformá-lo na "Cidade Matarazzo", como define o proprietário, Alexandre Allard.

    Segundo ele, será erguida uma torre em parte do terreno onde funcionará um hotel de alto padrão.

    "O desafio era achar um modelo financeiro sustentável que preservasse o propósito cultural", diz o empresário. Conforme o projeto, outros 3.000 m² dos prédios já existentes serão destinados a um "centro de criatividade" para o desenvolvimento da arte.

    "A Cidade Matarazzo pode se tornar o símbolo arquitetônico e cultural de São Paulo", diz Allard.

    A inauguração da "Cidade" está prevista para 2018.

    MADE BY... FEITO POR BRASILEIROS
    QUANDO de 9/9 a 12/10, de terça a domingo, das 10h às 17h
    ONDE Cidade Matarazzo, alameda Rio Claro, 190, Bela Vista
    QUANTO grátis

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