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    Crítica: Persona de herói aprisiona Russell Crowe

    THALES DE MENEZES
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    17/08/2014 02h38

    Há 40 anos, quando alguma produção de Hollywood precisava de um ator para personagens épicos, grandiosos mesmo, como Moisés, a escolha óbvia era Charlton Heston (1923-2008). Corpulento, com expressão séria e vozeirão, parecia inabalável.

    Hoje, o cara da vez para tanto é Russell Crowe, 50. Cidadão australiano nascido na Nova Zelândia, ele já foi no cinema gladiador romano, policial francês, boxeador americano, cientista kryptoniano e, uau, Robin Hood e Noé.

    Dois lançamentos em Blu-Ray, em edições luxuosas recheadas de extras, mostram Crowe em momentos díspares.

    Em "Gladiador" (2000), filme com o qual ganhou seu único Oscar até agora, ele se posicionou como grande astro. Mostrou que poderia injetar talento dramático em papéis de heróis durões, de gente rude com bom caráter.

    Niko Tavernise/Paramount Pictures
    À frente, Russell Crowe como Noé
    À frente, Russell Crowe como Noé

    DILÚVIO

    Em "Noé" (2014), ele aparece prisioneiro do próprio tipo que forjou. Musculoso, crivado de densidade, com jeitão que levará o mundo todo nos ombros se necessário.

    Mas Crowe perdeu o viço. Em busca de uma interpretação intensa, ele cai em canastrice. E seu Noé não tem um bom texto para ajudá-lo.

    Na verdade, nada no filme é bom. Os efeitos visuais são sofríveis, com personagens bíblicos que parecem Transformers e uma estética que trata o dilúvio como brincadeira numa banheira.

    Assistir a "Noé", mesmo com atores interessantes como Anthony Hopkins e Jennifer Connelly, é como imaginar uma novela da Record produzida com orçamento ilimitado.

    Para ver todo o potencial de Russell Crowe como grande ator de cinema, uma sessão de "Gladiador" já basta.

    Dirigido por Ridley Scott, é a história do general romano traído que cai em desgraça e busca vingança se passando por um gladiador.

    Sem ele, numa interpretação carregada de ódio e sofrimento, a produção toda não passaria de um melodrama.

    "Gladiador" mostra como Crowe pode capturar uma plateia. "Noé" prova que nem ele pode salvar um abacaxi.

    GLADIADOR (GLADIATOR)
    DIREÇÃO Ridley Scott
    PRODUÇÃO EUA, 2000
    DISTRIBUIDORA Universal
    QUANTO R$ 109,90
    AVALIAÇÃO ótimo

    NOÉ (NOAH)
    DIREÇÃO Darren Aronofsky
    PRODUÇÃO EUA, 2014
    DISTRIBUIDORA Universal
    QUANTO R$ 99,90
    AVALIAÇÃO ruim

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