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    Associação de Livrarias quer retomar debate sobre preço único para livros

    DE SÃO PAULO

    18/08/2014 14h45

    A ANL (Associação Nacional de Livrarias) promove nesta semana sua 24ª convenção. Na abertura, nesta segunda (18), apresentou dados pouco animadores sobre o mercado livreiro e voltou a defender a adoção da lei do preço único no Brasil.

    O Brasil tem hoje 3.095 livrarias —o que representa, na média, uma para cada 64.954 habitantes. A Unesco recomenda uma relação de 10 mil habitantes por livraria.

    Nenhuma das 5.570 cidades brasileiras atinge a média da Unesco. A que mais se aproxima é Belo Horizonte (MG), com uma livraria para 13.848 habitantes. São Paulo, por exemplo, possui uma para 35.664 habitantes.

    Algumas cidades de médio porte, como Marabá (Pará, 243 mil habitantes) e Camaçari (Bahia, 255 mil), têm apenas uma livraria.

    O levantamento também apontou a alta concentração das varejistas em algumas regiões do país. O Sudeste possui mais da metade das livrarias do país, 55%. Em seguida estão o Sul (19%), Nordeste (16%), Centro-Oeste (6%) e Norte (4%).

    "Precisamos de políticas públicas para evitar essa concentração. É fundamental também valorizar as pequenas e médias livrarias. Elas também um papel muito importante nessa difusão. As livrarias não são apenas espaços comerciais, mas também culturais", afirmou Ednilson Xavier, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL).

    O vice-presidente da associação, Augusto Mariotto Kater, destacou no encontro a preocupação que a Amazon gera no mercado. A varejista on-line, conhecida por sua eficiência e política feroz de desconto, deve começar em breve a vender livros impressos no Brasil.

    "Não somos contra a Amazon vir para cá. Somos contra a canibalização que a Amazon faz com mercados sem regulamentação."

    Como forma de regulamentação do mercado, a ANL defende, entre outras coisas, a adoção de políticas de controle de preço e de descontos nas vendas de livros.

    Leis de preço único para livros são adotadas em vários países: França, Alemanha, Argentina, Espanha, entre outros. As editoras estabelecem um valor para cada livro lançado.

    Por um período de tempo, por exemplo, livrarias só podem oferecer descontos entre 5% e 10%.

    A ANL pretende levar o debate ao Congresso nacional no ano que vem.

    "A lei do preço fixo não vai encarecer o livro, vai torná-lo mais acessível à maior parte da população", diz Mariotto. "Implantando a regulamentação do mercado, você defende a bibliodiversidade. Os empresários talvez se sentissem incentivados a abrir mais livrarias", completou.

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