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    Digitalizado, acervo recupera história do violão no Brasil

    ALAN SANTIAGO
    DE SÃO PAULO

    19/08/2014 02h24

    Marginalizado no século 19, o violão ganha um portal dedicado à sua arte. O Acervo Digital do Violão Brasileiro (violaobrasileiro.com.br) entra no ar em 8 de setembro, e com ele um show celebra o instrumento em São Paulo.

    O músico Fábio Zanon, o Duo Siqueira Lima e a cantora Ná Ozetti se apresentam no Auditório Ibirapuera, no dia 21 do próximo mês, para comemorar a iniciativa, que recupera a história do violão do país.

    O site, que começou a ser gestado em 2011, custou R$ 360 mil e foi patrocinado pela Petrobras. O projeto, que venceu a seleção pública do Petrobras Cultural 2012, terá dicionário de violonistas, banco de partituras, biblioteca, rádio on-line e uma linha do tempo, além de vídeos.

    Verbetes detalham a vida de precursores do gênero, como Clementino Lisboa (1839-1875). O maranhense foi o primeiro fazer apresentação solo, no Rio, no século 19.

    Divulgação
    Duo Siqueira Lima, formado por Cecília Siqueira e Fernando de Lima, que toca em 21/9
    Duo Siqueira Lima, formado por Cecília Siqueira e Fernando de Lima, que toca em 21/9

    A vontade do diretor do projeto, o violonista Alessandro Soares, é que o número de nomes listados no dicionário salte dos atuais 30 para 150 até o início de 2015.

    Já o banco de partituras, ainda com 15 peças para download, não se limita a solos: há construções musicais para duos, quartetos, além de violões de sete cordas. Soares convidou arranjadores para transcrever as partituras.

    A equipe do site, composta por cerca de seis pessoas, organiza uma discoteca com 300 fichas técnicas de álbuns, rádio com três estações que tocam músicas de estilos diferentes e uma biblioteca que terá números de revistas antigas, teses e dissertações.

    Agora, Soares pede a parceria de violonistas de todo o país para incrementar o trabalho com informações —desde agenda de apresentações até adição de partituras.

    "O problema do conhecimento sobre o violão brasileiro é que é todo muito disperso. Um dos maiores méritos do projeto é concentrar tudo numa ferramenta só", afirma Zanon.

    Ele diz acreditar que o site vai ajudar a alimentar fãs do gênero e aglutinar os próprios músicos. "Violonista é sempre muito gregário", afirma.

    GÊNEROS

    Segundo Zanon, o instrumento, por ter sido utilizado tanto por compositores eruditos quanto por músicos populares, ajuda o público a transitar entre os gêneros.

    "É um formador de público para a música clássica. As pessoas se sentem amparadas quando estudam violão."

    Já para Soares, pesquisador do assunto há cerca de 15 anos, "uma das maiores contribuições que o Brasil dá ao mundo é a música", e o violão segue essa trajetória.

    A partir dos anos 1920, o instrumento passa a assumir relevo na era do rádio, num tempo em que as emissores não tinham dinheiro para patrocinar orquestras ao vivo. Mas somente em 1980, segundo Soares, o violão se tornou objeto de estudo acadêmico.

    Zanon abrirá o recital com composições clássicas brasileiras e europeias. O Duo Siqueira Lima, formado pela uruguaia Cecília Siqueira e pelo mineiro Fernando de Lima, trilha um repertório popular.

    Zanon e o Duo planejam, durante as apresentações, uma conexão entre os mundos do erudito e do popular.

    Já a cantora Ná Ozetti vem para lançar também sua interpretação em canções de compositores violonistas.

    SHOW - ACERVO DIGITAL DO VIOLÃO BRASILEIRO
    QUANDO 21/9, às 19h
    ONDE Auditório Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, parque Ibirapuera (portão 2), tel. (11) 3629-1075
    QUANTO grátis
    CLASSIFICAÇÃO livre

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