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    Hollywood põe sexagenários para matar vilões em filmes de ação

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    19/08/2014 02h00

    "Lembra daquela velha peça em que um artista é retirado do palco por uma bengala no pescoço? Estou esperando para que aconteça isso, porque não vou parar de trabalhar de jeito nenhum."

    O autor da frase, Sylvester Stallone, 68, um dos astros da ação dos anos 1980, não precisa realmente se preocupar com a aposentadoria.

    No passado, Hollywood procurava faces novas para seus filmes de ação para tentar a identificação com o público jovem, cada vez mais distante dos cinemas.

    A solução estava embaixo de seus narizes: astros com mais de 50 anos estão sendo procurados para resgatar filhas, matar vilões a socos e disparar armas de fogo.

    Na quinta (21), Stallone não apenas retorna como ator do terceiro longa da franquia "Os Mercenários", cujos filmes anteriores renderam US$ 580 milhões no mundo, mas traz consigo uma legião de "tiozinhos", inclusive Harrison Ford, 72, que raramente topa um projeto no gênero.

    "Quando era criança, costumava brincar com os bonequinhos de Han Solo [personagem de Ford em 'Guerra nas Estrelas'] e Rambo [personagem de Stallone]. Agora, estou trabalhando com os dois no mesmo filme. É surreal", diz à Folha o diretor Patrick Hughes.

    A moda da "ação de tiozinho" começou em 2008, com o sucesso surpreendente de "Busca Implacável". O filme, produzido e escrito pelo francês Luc Besson, trazia Liam Neeson no papel de um ex-agente da CIA em busca da filha sequestrada em Paris.

    Com um roteiro de thriller B e orçamento minúsculo de US$ 25 milhões, "Busca Implacável" virou um hit de US$ 226 milhões.

    Neeson emplacou mais três filmes na linha de "tiozinho durão contra o mundo" com "Desconhecido" (2011), "A Perseguição" (2011) e "Sem Escalas" (2014), além de ter feito "Busca Implacável 2" (2012) e assinado para o terceiro capítulo, que deve estrear no ano que vem.

    "'Busca Implacável' mudou tudo. Eu me lembro de quando minha namorada, bem mais jovem que eu, viu o filme e disse: 'Uau, é muito legal ver um cara mais velho chutando traseiros'. Eu olhei para ela, como se precisasse lembrar quem eu era e falei: 'Sério?'", brinca o sueco Dolph Lundgren, 56, um dos mercenários do time de Stallone.

    "Acho que o público hoje sabe que é mais assustador quando um cara mais velho vai atrás de vingança. Ele não pode ser enganado. Tem mais experiência que um rapazinho de 18 anos."

    E a moda cresce. Em 11 de setembro, estreia no Brasil "Três Dias para Matar", no qual Kevin Costner, 59, tenta recuperar a carreira perdida como um (adivinhe) agente da CIA que tenta se reconectar com a filha em (adivinhe onde) Paris —uma história de (adivinhe quem) Luc Besson.

    Em 2015, Sean Penn, 53, une-se ao diretor Pierre Morel, de "Busca Implacável", para interpretar um espião que precisa limpar seu nome.

    "Acho que esses papéis são mais centrados na realidade e jovens de 35 anos não podem sair resgatando a filha de 18 no cinema. Ninguém vai acreditar", diverte-se o fortão Jason Statham, o "caçula" do subgênero, com 47 anos.

    "Acho que esses heróis ganham mais pose com a idade. Têm mais rugas e uma atitude perigosa."

    Panela velha, pelo visto, faz comida boa. Nem que tenha de ser na pancada.

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