É difícil ter uma experiência de teatro mais íntima e menos passiva do que em TeatroSOLO, projeto do artista argentino Matías Umpierrez que recebe um único espectador por vez.

Ele apresenta até o final de setembro cinco intervenções teatrais em diferentes locais de São Paulo.

Nos bastidores do Teatro Sérgio Cardoso, por exemplo, o espectador assiste a uma mulher passar por uma crise de amnésia.

Em um escritório abandonado, envolve-se num sequestro tramado por uma dupla de injustiçados. Em uma oficina de costura, é convidado a refletir sobre desigualdade social.

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	A atriz Mariana Faloppa em cena no espetáculo 'Êxodos'

A "plateia" está em evidência tanto quanto o ator. É requisitada a participar da trama sobretudo com sua atenção, com a expressividade de seu olhar, às vezes também respondendo a um ou outro pedido que surge no desenrolar da história vivida.

CAMPAINHA

Em "Êxodos", espetáculo que acontece num apartamento de família no centro, é preciso tocar a campainha para entrar.

O espectador é recebido por uma jovem destroçada pelo definhamento da família. Enquanto ela serve chá, conta que em apenas um ano desapareceram avô, avó, tios e filhos —mortos por doenças ou acidentes. Seu pai fugiu, amargurado. Seu irmão foi preso. Restou sua mãe, um tanto depressiva, que dorme no quarto ao lado.

Antes de perguntar ao espectador o que ela deve fazer para animar a mãe, convida-o a conhecê-la. A "plateia" é, então, apresentada para ela, que compartilha suas histórias e fotografia e entrega sua carta de testamento.

"Passei por uma experiência que nunca tinha vivido no teatro", diz Ricardo Daros, 26, designer gráfico que acompanhou "Êxodos". As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo site da Oficina Cultural Oswald de Andrade.

"Existe um diálogo constante entre ator e espectador neste projeto, e o nível de envolvimento é total", conta ele.

ENCONTRO

Segundo o autor e diretor Matías Umpierrez, que também já apresentou seu projeto nos EUA, na Inglaterra e na Espanha, o objetivo de TeatroSOLO é refletir sobre o papel do teatro e recuperar a possibilidade de encontro entre pessoas.

"Vivemos num mundo cada vez mais virtual. Queria fazer com que atores e espectadores tivessem uma experiência privada, única e extremamente humana, algo cada vez mais em falta", diz.

TEATRO SOLO
QUANDO até 24/9 em diferentes horários e locais de SP. Informações em www.oficinasculturais.org.br
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 18 anos