Em poucos minutos, dá para atravessar 200 anos. O passeio é rápido, enche os olhos e diverte.
Quem quiser se aprofundar, pode caminhar lentamente e ir descobrindo ao vivo os detalhes de impressão, desenho, tipografia, papéis, formatos, texturas, cores e acabamento presentes nos exemplares originais de capas de discos, livros e revistas.
Também pode experimentar o impacto de ver pela primeira vez em escala original cartazes históricos de filmes, exposições e peças.
Breves textos acompanham cada peça e são chaves de leitura para compreender a evolução gráfica do país nos séculos 19 e 20.
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Cartaz do Direito dos Homens, criado pelo designer Lins em 1989 e em exposição no Sesc Pompeia |
O "Túnel do tempo do design gráfico no Brasil" é uma mostra concisa e didática. Ela é uma seleção de 141 peças representativas do livro "Linha do Tempo do Design Gráfico no Brasil", que apresenta 1.600 projetos, lançado há dois anos pelos autores e também curadores da exposição atual, os designers Chico Homem de Melo e Elaine Ramos.
O livro já está na segunda impressão, tendo vendido 7 mil exemplares na primeira -uma façanha no mercado editorial brasileiro para um título de design e um volume que custa mais de R$ 200.
"Apesar de ser bem menor que o livro, a mostra tem uma espessura diferente, uma nova camada de informação. Os originais trazem a linguagem na sua inteireza e na sua concretude", diz Homem de Melo.
De um lado do "túnel" estão vitrines inclinadas com os livros, revistas e discos do século 20 e raridades como um Decreto do Príncipe Regente, de 1808, a série de selos postais Olho de Boi, de 1843, e as cédulas monetárias Troco do Cobre, assinadas uma a uma pela autoridade monetária da Província do Ceará, em 1833.
Da primeira metade dos anos 1900, destacam-se por exemplo a revista "O Malho", com capa de Di Cavalcanti e o livro "Laranja da China", de António de Alcântara Machado. Dos anos 1950, a mostra traz exemplares da revista "Habitat" (dirigida por Lina Bo Bardi) e da "Módulo", criada por Oscar Niemeyer.
"A exposição é intimista", diz Homem de Melo. "Desenhei a vitrine para que o público possa sentir os originais quase em suas mãos".
Em paredes sem vidros estão os fac-símiles de 30 cartazes de filmes, peças teatrais e exposições, entre eles o da primeira Bienal de São Paulo.
"O cartaz não tem a dimensão tátil da revista. Na vida real você não o manuseia. Nele, o mais importante é a escala original. E isso surpreende. Eu mesmo nunca tinha visto mais da metade desses cartazes no tamanho deles. Só conhecia por reproduções em livros", comenta o curador.
Homem de Melo imagina que a mostra pode provocar a reflexão sobre o que chama de hipertrofia gráfica atual. "Com o uso generalizado do computador, você vê na tela e acha que está vendo tudo. Cada vez mais o projeto começa e termina na tela. O que é um perigo. O design gráfico não é redutível à imagem, ele existe no mundo material", analisa.
TUNEL DO TEMPO DO DESIGN GRÁFICO NO BRASIL
QUANDO ter. a sáb., das 10h às 21h, dom., das 10h às 19h; até 26/10
ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
QUANTO grátis