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    São Paulo recebe o último 'balé dos balés' do americano William Forsythe

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    24/08/2014 02h00

    "Workwithinwork", coreografia feita pelo americano William Forsythe em 1998 para o Balé de Frankfurt, é uma espécie de rito de passagem, que leva à cena uma característica marcante da trajetória deste artista.

    Forsythe, 64, um dos maiores coreógrafos em atividade, considera a obra seu último "balé dos balés".

    É uma passagem do clássico para o contemporâneo, uma conversa entre passado, presente e futuro. Vai das elevações na sapatilha de ponta ao enrolamento do corpo no solo.

    A obra está sendo apresentada pela primeira vez no Brasil pela São Paulo Companhia de Dança na temporada do Teatro Alfa.

    No programa, que fica até este domingo (24) no Alfa, serão apresentadas, além da obra de Forsythe, "Le Espectre de la Rose", remontada por Mario Galizzi, e "Petite Morte", de Jiri Kylian.

    Antes da estreia brasileira, na última quinta-feira (21), Forsythe falou à Folha por telefone, de sua casa em Vermont, Estado norte-americano que fica na fronteira com a província de Quebec, Canadá.

    Veja o vídeo

    Folha - O que significa "Workwithinwork"?
    William Forsythe - É uma palavra que eu inventei. Em inglês,"work" é trabalho, mas também pode ser usado como sinônimo de coreografia. Fiz um jogo de palavras com isso, mas não me importei muito com ter um significado. As pessoas podem entender o que quiserem disso.

    Por que o sr. considera essa coreografia seu último "balé dos balés"?
    Foi o fim da época como diretor do Balé de Frankfurt. Depois disso, não usei mais passos do clássico, a não ser de uma forma totalmente reelaborada por minhas próprias pesquisas em dança.

    Uma das características de seu trabalho é a improvisação. Como isso está presente em "Workwithinwork"?
    Eu não vejo improvisação de fato nesta obra. Há uma estrutura bem definida da dança e uma "estrutura das emoções" sobre as quais os bailarinos trabalham.

    O que espera dos bailarinos nesta coreografia?
    Que tenha conexões amplas, tanto com o clássico quanto com a dança contemporânea. Também é muito importante que tenham bom ouvido para a música.

    E como foi a escolha da música ["Dueto para Dois Violinos", de Luciano Berio]?
    Principalmente pela qualidade vocal de cada parte da música. Cada bailarino tem que ser capaz de cantar a música que está sendo tocada no violino como se fosse uma canção.

    Como o sr. acompanha as remontagens de suas obras?
    Meus assistentes diretos fazem a remontagem com as companhias. Até agora, eu tinha muitos compromissos e não conseguia acompanhar pessoalmente, mas vou ter mais tempo nos próximos anos, porque não vou mais dirigir minha companhia na Alemanha.

    E por que deixou a companhia?
    Porque acho que não preciso trabalhar tanto. Eu tinha que fazer três obras por ano, não tinha tempo nem de comer. Agora vou poder ficar mais com meus netos, ter mais tempo para criar, acompanhar remontagens de outras companhias e orientar jovens bailarinos e coreógrafos em novos trabalhos.

    "Workwithinwork" será apresentada neste domingo (24), às 18h, pela São Paulo Companhia de Dança, no Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000. Os ingressos custam de R$ 25 a R$ 80 e a classificação é livre.

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