• Ilustrada

    Tuesday, 30-Apr-2024 08:53:20 -03

    Festival acerta na mistura de emergentes e nomes consagrados

    THALES DE MENEZES
    ENVIADO ESPECIAL À BRASÍLIA

    01/09/2014 11h04

    O show da cantora Pitty na madrugada de domingo (31), em um dos três palcos montados no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, pode representar bem o que foi o festival Porão do Rock.

    Em sua edição de número 17, o evento não é mais apenas uma mostra de grupos e artistas incipientes da cena roqueira, nomes que ainda habitam o underground, o "porão". A coisa evoluiu para uma reunião bem abrangente.

    A moçada buscando um lugar ao sol e quem tem um som radical demais para o grande público continuam tendo muito espaço. Mas agora o festival consegue apresentar um line-up com bons números do mainstream nacional.

    Pitty faz rock bom e sujo, mas também tem sucesso nas rádios e nas vendas de seus discos. Boa parte de sua plateia era de fãs que a conhecem dos hits radiofônicos. Mas seu disco mais recente, "SETEVIDAS", está bem pesado, o que agradou aos cabeludos de camiseta preta que circulavam pelo festival, muitos atraídos por um palco especialmente dedicado ao metal e ao hardcore.

    Essa bipolaridade do Porão do Rock ficou evidente no sábado, na primeira das duas noites do evento. Às 21h30, as cerca de 20 mil pessoas presentes se dividiam entre dois palcos. Um deles mostrava o Ratos de Porão, banda que é eterna habitante da cena alternativa, colocando o público para bater cabeça. Em outro palco, o Jota Quest desfilava um caminhão de hits para uma audiência mais jovem e saltitante. Difícil pensar em duas bandas tão opostas no cenário nacional.

    A alternância de novatos e veteranos deu uma cara especial ao Porão. No domingo, os Titãs dispararam para uma multidão enlouquecida seus hits e o repertório acelerado do último álbum, "Nheengatu", no mesmo palco que recebeu apenas três horas antes a ótima cantora local Adriah. Pouca gente tinha chegado, então ela mostrou seu rock confessional para poucos e fiéis, que ganharam no encerramento um cover matador de "Imigrant Song", do Led Zeppelin.

    Nomes promissores da cena brasiliense foram bem. Scalene e Dona Cislene, dois representantes de um rock de guitarras aceleradas, tiveram momentos de grande empolgação. Na falange mais radical, Penúria Zero e Terror Revolucionário demonstraram que a cidade tem uma boa dose de revolta transformada em música.

    Entre os medalhões escalados, alguns foram recebidos como heróis e retribuíram com bons shows, numa escalação que teve Nação Zumbi, André Matos, Cavalera Conspiracy, Raimundos e Marcelo D2. Falando em heróis, CJ Ramone fez um show curto, mas emocionou fãs de sua ex-banda com várias músicas conhecidas. Os Ramones foram campeões em quantidade de camisetas vestindo a plateia.

    Uma tendência que se espalha pelo mundo depois do sucesso de White Stripes e Black Keys é o show de dupla, normalmente com guitarra e bateria. O festival confirmou essa onda, nos bons shows de Brothers of Brazil, The Baggios e Nevilton. Este último esteve em dois palcos, porque depois foi dar uma palhinha na apresentação simpática de Érika Martins.

    Fechando o balanço muito positivo do evento, esteve por lá um dos grupos com mais potencial para estourar: Far From Alaska, quinteto de Natal com uma mistura impecável de rock, eletrônico e carisma. Um nome para acompanhar sempre.

    O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite do festival Porão do Rock

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024