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    Filme exibido em Toronto retrata Daft Punk ficcional

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TORONTO (CANADÁ)

    08/09/2014 02h35

    "Quem estiver esperando um filme sobre as origens do Daft Punk sairá do cinema decepcionado", avisa a diretora francesa Mia Hansen-Løve antes da primeira exibição mundial de "Eden", na sexta-feira (5), durante o Festival de Cinema de Toronto.

    Mas não é bem assim. O longa se passa durante o início e a explosão da french house, nos anos 1990, movimento que revelou a dupla francesa de música eletrônica Daft Punk.

    Apesar da trama ser ficcional, a dupla robótica aparece em diversos momentos do filme, com Arnaud Azoulay e Vincent Lacoste no papel dos (ainda) humanos Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter.

    Divulgação
    Arnaud Azoulay e Vincent Lacoste como os membros do duo musical francês Daft Punk
    Arnaud Azoulay e Vincent Lacoste como os membros do duo musical francês Daft Punk

    O Daft Punk é mostrado pela primeira vez em uma rave, sem tocar e prestes a lançar a primeira música sob o codinome Darlin'.

    DJ ALTER-EGO

    Mas a presença do duo sobrevoa o filme como uma nuvem, já que a pressão está no protagonista, o DJ Paul (Félix de Givry). O personagem é uma espécie de alter-ego do irmão de Mia, Sven Løve. Ele fez parte da cena francesa de música eletrônica que tomou conta das raves parisienses e, depois, do resto do mundo.

    "Impressionante ver como um movimento desses começou com um pequeno grupo de amigos", afirma De Givry.

    TRILHA SONORA

    Os músicos do Daft Punk não só cederam três canções para o longa —inclusive "Within", do último disco, "Random Access Memories" e o hit "Da Funk"–, como permitiram ser retratados cheirando cocaína e como nerds barrados em clubes de Paris.

    Com as referências musicais reais e uso decente da trilha sonora, "Eden" tenta ser "A Festa Nunca Termina" (2002), longa do diretor britânico Michael Winterbottom sobre a cena musical de Manchester. Mas o filme se aproxima mais de "Vida de Solteiro" (1992), que retrata o gênero grunge, em Seattle (EUA).

    Mia fragmentou a obra, refletindo visualmente o efeito que o ecstasy provoca em seus protagonistas.

    Nas cenas, beijos na pista de dança são esquecidos, assim como importante momentos da vida dos personagens –uma das namoradas de Paul, por exemplo, aparece já com uma filha grande sem nem mesmo tocar no assunto de gravidez.

    O drama pelo menos não julga Paul e sua luta contra o amadurecimento inevitável e as mulheres que passam por sua vida.

    "Eu queria tentar fazer o retrato de uma geração ainda esquecida da maneira mais realista possível", explica a cineasta. "Mas, acima de tudo, queria fazer um filme sobre música. Fazer o espectador balançar a cabeça e os pés no cinema e desejar sair dançando da sala."

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