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    Rio de Janeiro

    Abertura morna da ArtRio reflete pessimismo na economia

    SILAS MARTÍ
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    10/09/2014 20h02

    "Estou tirando leite de pedra aqui", gritava um galerista a um colega na abertura para convidados da feira ArtRio, nesta quarta (10). Sua galeria, na ala reservada à arte moderna, não ia bem de vendas nas primeiras horas da feira.

    De fato, parecia vazia demais a ala do evento reservada a galerias do mercado secundário, ou seja, as casas que vendem obras já consagradas, que passaram pelas mãos de pelo menos um colecionador, em geral as peças mais caras da feira.

    No horário mais disputado pelos VIPs, o início da tarde, a calmaria reinava nessa parte da feira.

    Antonio Lacerda/Efe
    Mulher caminha em frente a imagem do artista Salvado Dalí nesta quarta (10), na ArtRio
    Mulher caminha em frente a imagem do artista Salvador Dalí nesta quarta (10), na ArtRio

    "Esse é um momento de transição, as pessoas estão distraídas com outros assuntos", diz Paulo Kuczynski, que levou obras de Vicente do Rego Monteiro, uma delas de R$ 2,2 milhões, à feira. "Vai ser bem devagar, a não ser que você tenha coisas espetaculares para vender."

    "Não é um momento de felicidade geral da nação", ironiza Thiago Gomide, da galeria Bergamin, com obras de medalhões como Lygia Clark. "Tem muita notícia ruim, o escândalo da Petrobras, a Bolsa caindo, o dólar subindo."

    Mas enquanto o pessimismo parece tomar conta do mercado de arte moderna, as galerias de arte contemporânea festejavam certa euforia.

    "Desde a Copa do Mundo as galerias estão todas enforcadas", diz Juliana Freire, da Emma Thomas. "O mercado de arte parou esse ano, mas depois de tanta retração as pessoas querem voltar a comprar."

    Foi o caso em algumas das grandes casas da feira, como a paulistana Luisa Strina, que vendeu cerca de 60% de suas obras, e a Fortes Vilaça, também de São Paulo, que vendeu boa parte do que tinha.

    "Não tem o furor de antes, mas a ideia de crise não tem sido uma conversa aqui", diz Marcia Fortes, da Fortes Vilaça, que diz ter vendido boa parte das obras que levou à feira já nas primeiras horas do evento. "A crise só atinge obras de dígitos maiores. Em geral, quem sabe o que quer já chega comprando."

    Karla Meneghel, diretora da filial paulistana da White Cube, uma das galerias mais poderosas do mundo, diz que vendas foram fechadas nas primeiras horas da feira.

    "Não dá para falar em retração ainda", diz Meneghel. "É muito cedo para fazer previsões, mas a feira vai ser um termômetro do que acontece no mercado."

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