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    Análise: Arquitetura sustentável já deixou o nicho ecologista

    RAUL JUSTE LORES
    EM NOVA YORK

    23/09/2014 02h02

    É oportuno que o tema deste Arq.Futuro seja a água. Enquanto descobertas de petróleo pipocam por todo o mundo e nem a crise no Oriente Médio faz seu preço disparar, a água se torna um bem cobiçado e raro. Na Califórnia, a seca prolongada guia diversas mudanças permanentes em como o Estado taxa e regula o uso da água.

    Arquitetura sustentável, como marca, é marketing velho: hoje toda arquitetura precisa pensar em um mundo de recursos naturais mais escassos e de mudanças climáticas.

    Felizmente, há melhores condições de vida para milhões de pessoas mundo afora, especialmente na Ásia e na África, graças à globalização, mas todas essas novas bocas comendo (e consumindo) mais significa que o impacto humano sobre o planeta vai aumentar.

    Racionalidade versus desperdício também deve guiar toda a arquitetura, não a apenas apelidada de "verde".

    Vários debates desta edição do Arq.Futuro provam que o assunto já deixou as fronteiras do "nicho" ecologista.

    Divulgação
    'Tucuçuhy', colagem de Caio Reisewitz, do livro 'Água Escondida' (BEI Editora/MIS)
    'Tucuçuhy', colagem de Caio Reisewitz, do livro 'Água Escondida' (BEI Editora/MIS)

    A inundação provocada pelo furacão Katrina em Nova Orleans, em 2005, gerou um desafio de como se construir casas em áreas de enchentes constantes. A ONG Make It Right, que participa do evento, conseguiu atrair diversos arquitetos que vieram com soluções muito além das casas suspensas, com o térreo bem elevado.

    Houve pesquisa e uso de concreto poroso para absorver a água das chuvas, coberturas verdes, novos sistemas de ventilação, encanamento, ventilação e aquecimento previstos no design. Essas pesquisas podem ser disseminadas muito além de Nova Orleans.

    Um dos arquitetos participantes do Make It Right, o japonês Shigeru Ban, também estará em São Paulo –ele foi um dos pioneiros em trabalhar com materiais recicláveis e baratos, de tubos de papelão a bambu, em áreas afetadas por desastres naturais e tem muito a dizer.

    A devastação provocada pela supertempestade Sandy em Nova York, em 2012, com a alta do nível do mar, guia pesquisas de Alexandros Washburn, que foi diretor de design urbano durante a gestão do prefeito novaiorquino Michael Bloomberg e fala nesta quarta (24) no evento.

    Mas nem sempre a boa arquitetura vem acompanhada de bom urbanismo: as belas casas sustentáveis de Nova Orleans formam um bairro exclusivamente residencial e bem afastado do centro da cidade, mantendo a suburbanização existente pré-Katrina.

    Para ir ao trabalho ou fazer compras, seus moradores continuam a depender de longas (e nada sustentáveis) viagens de carro.

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