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    Mudanças marcam começo de semana de moda de Paris

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    23/09/2014 02h41

    Mais importante e última cidade da temporada internacional de semanas de moda, que inclui Nova York, Londres e Milão, Paris começa nesta terça-feira (23) sua edição de verão 2015 com mudanças que refletem o momento incerto e melancólico pelo qual a moda atravessa.

    Eterno "enfant terrible" da costura francesa, o estilista Jean Paul Gaultier, 62, anunciou há uma semana sua retirada das passarelas parisienses e do prêt-à-porter para focar na linha de alta-costura e de perfumes que levam seu nome.

    Após quase 40 anos vendendo as roupas feitas em série —que são característica do prêt-à-porter e bem mais acessíveis que os vestidos de alta-costura, feitos sob encomenda a um cliente específico—, ele fechará sua operação mundialmente. Sua última coleção completa será desfilada no próximo sábado (27).

    Em comunicado, Gaultier diz que é um "novo começo" em sua carreira, no qual poderá expressar novamente sua criatividade "completamente e sem obstáculos".

    Martin Bureau/AFP
    Jean Paul Gaultier na semana da moda de alta-costura em Paris em janeiro de 2013
    Jean Paul Gaultier na semana da moda de alta-costura em Paris em janeiro de 2013

    Conhecido por criar o sutiã cônico (e icônico) da turnê Blonde Ambition (1990), de Madonna, o estilista também foi responsável pela maioria dos figurinos da filmografia do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.

    Tornaram-se lendários os vestidos criados para personagens como Andrea Caracortada, vivida por Victoria Abril em "Kika", de 1993, e Zahara, travesti encarnado por Gael García Bernal em "Má Educação" (2004).

    Didier Grumbach, 77, presidente da Federação Francesa de Alta-Costura e Prêt-à-Porter dos Costureiros e Criadores de Moda há 16 anos, responsável pela semana de moda de Paris, cede a vaga para Ralph Toledano, 61.

    Grumabach foi responsável por manter a aura vanguardista e conceitual das coleções desfiladas em Paris, estreitando as relações das universidades com o mercado e dando suporte para que jovens criadores apresentassem suas coleções.

    A saída de Gaultier da programação e a entrada de Toledano, alto executivo do grupo espanhol Puig –que faz perfumes para grifes como Nina Ricci e Carolina Herrera–, é reflexo das mudanças que a moda francesa precisa fazer para sobreviver em um mercado que vende mais perfumes do que roupas.

    Entre 2008 e 2012, no auge e na recuperação da crise econômica mundial, a indústria cosmética cresceu 4,1%, de acordo com dados da consultoria Bain & Company. Já a de roupas enfrentou queda generalizada nas vendas e obrigou as marcas a expandirem sua operação para países emergentes, como o Brasil.

    O grupo francês LVMH, dono das grifes Louis Vuitton e Givenchy, amargou queda de 3% nas vendas no primeiro trimestre de 2010 e só não fechou o ano com déficit devido à venda dos cosméticos.

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