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    Sem novos hits, MGMT mostra em SP e no Rio disco mais pop

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    24/09/2014 02h49

    Sete anos após despontar com o seu álbum de estreia, quando os fundadores do grupo não passavam dos 25 anos, a banda americana MGMT parece hoje ter que reconquistar seu público.

    Depois dos hits dançantes e psicodélicos "Time to Pretend", "Kids" e "Electric Feel" —este tocado com relâmpagos no céu do Lollapalooza de 2012, em São Paulo, dando ares de bruxaria—, veio "Congratulations" (2010).

    Mais calmo e melancólico, o álbum não foi capaz de os levar às pistas de baladas indie novamente.

    Divulgação
    Ben Goldwasser (à esq.) e Andrew VanWyngarden, da banda americana MGMT
    Ben Goldwasser (à esq.) e Andrew VanWyngarden, da banda americana MGMT

    Pela terceira vez no Brasil, no festival Circuito Banco do Brasil, em novembro, a banda nova-iorquina poderá mostrar agora "MGMT", lançado em setembro de 2013.

    "Em Congratulations', estávamos muito envolvidos com a turnê e talvez isso tenha o impedido de ser um álbum melhor", diz à Folha o tecladista e vocalista Ben Goldwasser, 31, falando ao telefone de sua casa no Brooklyn, em Nova York. Goldwasser, ao lado do vocalista e guitarrista Andrew VanWyngarden, lidera a banda.

    "O novo disco soa diferente. Acho que todas as músicas são pop de alguma forma, embora eu não saberia definir o que é música pop."

    Se não vieram novos hits avassaladores, ao menos, a banda diz estar mais satisfeita com o resultado. "Estávamos com um estado de espírito diferente, nos sentindo muito mais positivos e vivos."

    Satisfeitos com a vida, mas, ainda assim, bastante ácidos nas letras. A melhor das novas canções martela a frase "Your life is a lie" (sua vida é uma mentira). "É algo que acontece o tempo todo. As pessoas não são necessariamente honestas com elas mesmas", diz Goldwasser.

    *

    Leia abaixo a entrevista com Ben Goldwasser:

    Folha - Esta será a terceira vez de vocês aqui no Brasil. Da última vez, no Lollapalooza, em 2012, vários relâmpagos surgiram no céu quando vocês estavam tocando "Electric Feel". O público ficou impressionado. Você se lembra desse momento?
    Ben Goldwasser - Sim, eu lembro. Essa é uma das coisas legais de festival, essas horas em que as pessoas se divertem ainda mais quando o tempo fica louco e tudo muda de repente.

    Isso já aconteceu outras vezes enquanto vocês tocam "Electric Feel"?
    Eu acho que essa foi a única vez [risos].

    Uma vez que o último disco de vocês, "MGMT", saiu em setembro do ano passado, o repertório dos shows agora será mais baseado no novo disco?
    Acho que é bem misturado entre as canções de todos os álbuns. É bem interessante ver a conexão entre as músicas que a gente fez. Sei que algumas pessoas acham os álbuns são muito diferentes entre si, mas eu acho que todas as músicas vêm de um mesmo lugar e se encaixam muito bem juntas. A gente ainda se diverte realmente tocando todas as músicas.

    Como foi trabalhar mais uma vez com Dave Fridmann como produtor [americano que produziu "Oracular Spectacular", disco de estreia do MGMT, e já trabalhou com Flaming Lips, Weezer e Tame Impala, entre outras bandas]?
    Foi muito bom trabalhar com ele. Eles nos conhece muito bem, pessoalmente e musicalmente. Desde a primeira vez em que a gente entrou no estúdio, já foi muito bom. A gente gravou se divertindo. Espero que a gente tenha a sorte de trabalhar com ele de novo.

    O novo disco parece ser mais pop que "Congratulations". Você concorda?
    Sim, eu acho que o novo álbum soa diferente. Acho que todas as músicas são pop de alguma forma, embora eu não saberia definir o que é música pop, na verdade. Acho que nesse álbum nós estávamos com um estado de espírito diferente, nos sentindo muito mais positivos e vivos.

    Em "Congratulations", nós estávamos muito envolvidos com a turnê e talvez isso tenha o impedido de ser um álbum melhor.

    Nesse novo álbum, a gente se divertiu muito. Acho que foi o mais divertido de fazer de todos.

    Você já comentou em entrevistas que não espera que a sua música seja entendida facilmente pelas pessoas. O que quer dizer com isso?
    Não foi exatamente isso que eu disse. Acho que da primeira vez que as pessoas nos ouvem pode ser que elas não consigam entender tudo. Você tem que passar um tempo com a música para pegar tudo, e eu acho que isso é uma coisa boa.

    A maior parte das minhas músicas favoritas pareceu meio estranha e não familiar para mim da primeira vez. É algo que você tem que voltar e revisitar e descobrir de onde está vindo. Eu acho que isso é muito mais interessante do que algo que você ouve e diz "ok, entendi" e não há nada além disso, não é profundo.

    A propósito, as músicas de vocês mostram um ponto de vista ácido da vida. Por que essa visão?
    Eu não escrevo as letras. Andrew [VanWyngarden, vocalista] faz a maior parte, mas eu acho que a gente gosta de escrever sobre coisas que são muito pessoais, mas, ao mesmo tempo, você pode entender o significado. Não é sobre uma coisa específica, não é sobre nada. É sobre a associação que você faz com isso.

    E por que as nossas vidas são uma mentira hoje em dia, como vocês cantam em "Your Life Is a Lie"?
    [risos] Não sei. Acho que é algo que acontece o tempo todo. As pessoas não são necessariamente honestas com elas mesmas. Elas ignoram o jeito com que realmente se sentem em relação às coisas.

    As pessoas esperam de vocês novos hits. Isso é uma meta para vocês? Isso incomoda?
    Isso nunca foi uma intenção quando escrevemos. Isso aconteceu. Nós estávamos fazendo música que a gente gostava e foi incrível para nós que as pessoas tenham gostado.

    Eu não sei se teremos uma outra "Kids" ou uma outra "Time to Pretend". São canções legais, mas nós vamos ficar frustrados se só tivermos isso em mente.

    Vocês já estão trabalhando em um disco novo?
    Sim, nós estamos tendo ideias.

    Podemos esperar canções novas aqui nos shows no Brasil, quem sabe?
    Sim, espero que sim.

    MGMT NO BRASIL
    QUANDO em SP, no Circuito Banco do Brasil, 1º/11, a partir das 15h15; no Rio, no Circuito Banco do Brasil, 8/11, a partir das 16h
    ONDE em SP, no Campo de Marte, na av. Santos Dumont, 2.280; no Rio, na praça da Apoteose, no Sambódromo
    QUANTO de R$ 280 a R$ 900, em SP; de R$ 250 a R$ 900, no Rio
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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