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    Junio Barreto faz show no Sesc para festejar dez anos de 1º disco

    DE SÃO PAULO

    26/09/2014 10h50

    "A noite pernambucana hoje no clube Urbano guarda um pequeno segredo, para além do grupo olindense Eddie. Ele se chama Junio Barreto, tem 40 anos, nasceu em Caruaru e mora em São Paulo." Foi assim que, em setembro de 2004, num texto publicado na "Ilustrada" e assinado pelo então repórter e crítico de música do caderno, Pedro Alexandre Sanches, Junio Barreto foi apresentado ao Brasil.

    Chegado do Recife à capital paulista seis anos antes, o cantor e compositor caruaruense com um pé no rock e outro no samba acabara de lançar seu primeiro disco, batizado com seu nome.

    Para celebrar os dez anos da sua estreia fonográfica, Junio Barreto faz um show neste sábado (27), na choperia do Sesc Pompeia, no qual tocará todas as canções daquele CD, exceto a instrumental "Passeio".

    Levará ao palco o maior sucesso do álbum, "Santana", já gravada por Gal Costa e por Lenine e interpretada por Maria Rita, assim como "A Mesma Rosa Amarela", versão desconcertante do samba de Capiba com letra do poeta Carlos Pena Filho.

    José de Holanda/Divulgação
    O cantor e compositor Junio Barreto
    O cantor e compositor Junio Barreto

    "Ao ouvido ligeiro, o disco de Junio soa pouco inédito", observava o crítico naquele 2004, para logo acrescentar: "É apenas a primeira impressão, entretanto. (...) Barreto incorpora, sim, não há como negar, toda a metodologia forjada a partir de Pernambuco na década passada, de assimilação de maracatus e cirandas ao rock e ao hip hop, do tradicionalismo às culturas digitais etc. Tudo isso está lá."

    "Mas o desgaste oculta —ou melhor, não oculta—, uma série de trunfos individuais de Junio. A poesia é setor privilegiado (....) A musicalidade, ainda que muito apoiada nos manguezais, com freqüência dá vôos maiores, passando por samba e batucada, por órgãos de jovem guarda e de oposição à jovem guarda, por frevo todo desconstruído —é de entortar sua releitura de "A Mesma Rosa Amarela", clássico de Capiba."

    Ao fim da resenha, o álbum de estreia de Junio Barreto foi avaliado com três estrelinhas (bom).

    SURPRESA

    Na noite desta sábado, serão apresentadas também canções do segundo disco de Barreto, "Setembro" (2011), como "Serenada Solidão", "Jardim Imperial" e "Passione", esta última uma parceria com Jorge du Peixe (Nação Zumbi) que integra a trilha sonora do filme "A Febre do Rato" (2011), de Cláudio Assis.

    O set list deve ter ainda "Bonita de Pedra e Céu", canção do EP lançado em 2008 e "Essa Moça Tá Diferente", de Chico Buarque, além de uma surpresa prometida pelo artista, que ele adianta apenas ser um samba de "um compositor baiano dos anos 70".

    A banda que o acompanhará no show é formada por: Alfredobello Kaiowá Djtudo (moog, programações e baixo), Anthony Gordin (bateria), Claudinho Santana (percussão), Daniel Grajew (piano elétrico), Gabriel Coimbra Guedes (guitarra), Gustavo Sousa (bateria e percussão), Marcelo Monteiro (sax e flauta), Rafael Ferrari (baixo) e Vinicius Sarmento (violão de sete cordas).

    MAIS SEGURO

    Junio Barreto se diz hoje um compositor mais seguro e mais à vontade no palco."Com o tempo, e com mais leituras, você vai amadurecendo a escrita, que é sempre um exercício quando se escreve [letras de música]", afirma.

    "A minha interação com a platéia melhorou muito, aprendi a sentir mais a alma de cada pessoa que está ali me vendo nos shows, e essa energia é transformadora, faz que você devolva uma música mais solta, mais livre, dançante, muito mais divertida. E eu me diverto muito com essa troca, isso me deixa mais feliz."

    O compositor também comenta os efeitos positivos de viver há 16 anos numa cidade cosmopolita e multicultural como São Paulo.

    "Morando aqui há tanto tempo e convivendo com pessoas do país inteiro e do mundo, você vai ficando mais universal, mas também fiquei mais brasileiro e adquiri novas possibilidades sonoras."

    Segundo Barreto, o terceiro disco está a caminho. "Praticamente todas as músicas já estão prontas, só falta gravar, mas falta grana. Mas estou buscando. As canções desse próximo trabalho estão bem melódicas e dançantes, sinto que tem um pouco mais do primeiro disco, volto também mais ao samba."

    JUNIO BARRETO
    QUANDO sábado (27/9), às 21h30
    ONDE Sesc Pompeia - Choperia, rua Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
    QUANTO de R$ 4 (comerciário) a R$ 20 (inteira)

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