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    Scorsese homenageia 'New York Review of Books' em documentário

    PATRICIA REANEY
    DA REUTERS, EM NOVA YORK

    26/09/2014 17h29

    O diretor de cinema Martin Scorsese sabia que fazer um documentário sobre uma reverenciada revista de críticas literárias seria um desafio, razão pela qual ele abordou "The 50 Year Argument" ("O Argumento de 50 Anos", em tradução livre) como um concerto, lançando mão de entrevistas e imagens de arquivo para transmitir a necessária emoção.

    No filme, que será exibido no Festival do Rio iniciado nesta semana, o vencedor do Oscar Martin Scorsese e o codiretor David Tedeschi mergulham nos bastidores da "The New York Review of Books", que comemorou 50 anos de existência no ano passado e influenciou gerações de escritores e leitores.

    "Lembro-me de descobrir a revista em uma banca em 1963, quando saiu pela primeira vez", disse Scorsese. "E ainda tem um impacto sobre mim."

    "The 50 Year Argument" detalha as coincidências temporais que levaram à fundação da revista: uma greve geral nos jornais de Nova York, a insatisfação sobre como os livros costumavam ser resenhados e uma conversa ao longo de um jantar.

    O poeta Robert Lowell e sua mulher, a crítica literária e autora Elizabeth Hardwick, discutiram a ideia com o editor Jason Epstein e sua mulher, Barbara. Eles então convocaram o amigo Robert B. Silvers para ser editor da publicação ao lado de Barbara Epstein, morta em 2006.

    "Não buscávamos ser uma parte do establishment; queríamos analisar o establishment", diz Silvers, com 84 anos e ainda editor da revista, no filme.

    Embora tenha começado com a intenção de fazer a crítica de livros e destacar escritores, durante suas cinco décadas a publicação se tornou uma instituição, cobrindo arte, política e grandes temas atuais, do Vietnã ao Iraque.

    "Foi realmente um desafio", disse Scorsese, "como tornar a história excitante e interessante para uma geração jovem num momento em que a informação para eles é algo imediato e as opiniões estão em toda parte."

    Scorsese encontrou o impacto visual e emocional de que precisava por meio das entrevistas que fez para o filme, incluindo Silvers em seu gabinete abarrotado de livros, o linguista Noam Chomsky e o dramaturgo irlandês Colm Toibin. Ele se valeu também de imagens de arquivo filmadas por escritores como Susan Sontag, James Baldwin e outros.

    "Eu pensei em talvez estruturar como uma peça musical e a música seria as próprias palavras surgindo na tela", explicou Scorsese.

    A revista "Variety" achou o filme "um incisivo retrato sobre uma instituição cultural de vanguarda", enquanto a "Hollywood Reporter" descreveu o longa como "um belo e estimulante documentário."

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