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    Crítica: Até boleiro sem coração verde se emociona com '12 de Junho'

    PAULO VINÍCIUS COELHO
    COLUNISTA DA FOLHA

    30/09/2014 02h44

    O filme se chama "12 de Junho de 93 - O Dia da Paixão Palmeirense". A primeira cena tem Evair se aproximando da bola para cobrar o pênalti que acabou com a fila do Palmeiras naquele Dia dos Namorados. O jogo em si só volta à tela 70 minutos depois.

    Alguém pode julgar esse um defeito do filme. É seu maior mérito. A demora para chegar ao ponto central da trama pode cansar corintianos, são-paulinos, santistas e até os palmeirenses de gerações mais novas, cansados de sofrer.

    Mas os 70 minutos iniciais explicam exatamente por que aquele dia e os quatro gols são tão simbólicos para uma geração inteira.

    Avener Prado/Folhapress
    Convidados comparecem a sessão de '12 de Junho' no novo estádio do Palmeiras
    Convidados comparecem a sessão de '12 de Junho' no novo estádio do Palmeiras

    A segunda cena tem o zagueiro Aguirregaray chutando na trave no último minuto da partida contra a Ferroviária que eliminou o Palmeiras do Paulistão de 1990.

    Naquele dia, meu tio encostou-se na trave às 23h e cinco minutos depois olhou o relógio. Surpreendeu-se: 23h50! Passou 50 minutos atônito.

    A direção de Mauro Beting entra primeiro na alma palmeirense para chegar depois aos gols de Zinho, Evair, Edílson e novamente Evair, de pênalti.

    Passa por Ferroviária, Bragantino, XV de Jaú, Inter de Limeira como se fosse Nick Hornby em "Febre de Bola" contando sua vida pelas derrotas do Arsenal. Muitos palmeirenses fizeram o mesmo nos anos 80.

    "12 de Junho" é um documentário sobre futebol e, como tal, pode cansar os que perguntam quem é a bola. Mas apaixona os boleiros, mesmo que não tenham coração verde.

    Termina com o reencontro de toda aquela geração de Edmundo, Evair, Zinho e Antônio Carlos, num churrasco com música de Simoninha e com campeões vestidos a caráter, camisa listrada dos tempos da Parmalat.

    Muitos dos que estiveram ou ouviram as histórias de 1993 terão vontade de chorar. Quando se emocionarem com as lembranças... ou quando ligarem a TV para assistir ao próximo jogo do Palmeiras.

    12 DE JUNHO DE 93 - O DIA DA PAIXÃO PALMEIRENSE
    DIREÇÃO Jaime Queiroz e Mauro Beting
    PRODUÇÃO Brasil, 2014, 12 anos
    AVALIAÇÃO bom

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