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    Crítica: Retrospectiva do Rumos vale pela importância de edital na cultura

    FABIO CYPRIANO
    CRÍTICO DA FOLHA

    13/10/2014 02h20

    Entre os centros culturais vinculados a instituições financeiras, o Itaú Cultural desponta como um dos locais com maior coerência em sua programação. Isso ocorre graças a uma política cultural consistente que não só foge do mero evento como tampouco terceiriza a outros produtores suas exposições.

    Nos últimos 16 anos, o programa Rumos Artes Visuais é uma ação exemplar muito além da organização de algumas mostras. Ele mobilizou curadores de todo país a estimularem a produção local por meio de debates e visitas.

    Essa iniciativa ímpar, mais próxima do que deveria ser uma ação do governo, inspirou a curadora Lisette Lagnado, em 2005, a usar o Acre como um dos eixos da Bienal que organizou, em 2006, após participar do programa.

    REFORMULAÇÃO

    Sem se ater a uma receita que se revelou de sucesso, o Itaú reformulou o Rumos no ano passado. Agora, a seleção de projetos não se dá mais por área específica de expressão, o que é totalmente coerente com o que de melhor vem sendo feito. Grupos como o Teatro da Vertigem transitam entre teatro, performance e artes visuais.

    Para marcar a mudança, o Itaú encomendou a três curadores –Aracy Amaral, Paulo Miyada e Regina Silveira– a seleção de artistas representativos da trajetória do edital, que resultou na mostra "Singularidades/Anotações", que compreende o período entre 1998 e 2013.

    Em primeiro lugar, a constatação da dificuldade de ocupação da sede da instituição é incontornável. Mesmo após diversas reformas, as salas expositivas seguem com pé direito baixo demais e com uma divisão que não ajuda mostras que se desenvolvem nos três andares.

    Outra dificuldade em uma exposição que revê dezenas de artistas em um período tão abrangente é a sua própria seleção. Ela tem o risco de se tornar óbvia em excesso, com os nomes de sempre, que se tornaram quase obrigatórios em exposições sobre a recente produção nacional, como Thiago Martins de Melo, Rodrigo Braga, Cinthia Marcelle e Marcius Galan.

    A questão aí, e nisso os curadores não podiam se eximir, é que se trata de uma exposição sobre o Rumos e, afinal, não se podiam tirar justamente os nomes que despontaram no programa.

    Assim, é notável a inclusão de artistas que trabalham em uma chave já um tanto desgastada como o binômio arte-tecnologia, em que se destacam Gilbertto Prado, Katia Maciel e Lucas Bambozzi. Tratando-se de uma mostra retrospectiva, faz sentido.

    Vista apenas como uma exposição, "Singularidades/Anotações" é um panorama um tanto óbvio e desconexo da produção atual.

    Contudo, dentro do contexto do programa Rumos, a exposição aponta que o evento só faz sentido dentro de uma política cultural que fortaleça o meio artístico.

    SINGULARIDADES/ANOTAÇÕES
    QUANDO de ter. a sex., das 9h às 20h; sáb. e dom., das 11h às 20h; até 26/10
    ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1777
    QUANTO grátis
    AVALIAÇÃO bom

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