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    Bienal elege curador do país em Veneza após quebrar tradição

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    15/10/2014 15h43

    Rompendo com a tradição, a Bienal de São Paulo indicou um nome diferente dos curadores de sua atual edição para dirigir a representação brasileira na Bienal de Veneza, em maio do ano que vem.

    Luiz Camillo Osorio, crítico de arte e curador do Museu de Arte Moderna do Rio, estará à frente do pavilhão do país na mostra italiana em vez do britânico Charles Esche, responsável pela Bienal de São Paulo agora em cartaz.

    Era esperado, como em anos anteriores, que Esche assumisse o pavilhão brasileiro, mas a Fundação Bienal, responsável pela indicação à representação do país em Veneza, decidiu mudar de ideia.

    Greg Salibian/Folhapress
    Representação do Brasil na Itália terá direção de Luiz Camillo Osorio
    Representação do Brasil na Itália terá direção de Luiz Camillo Osorio

    "Isso já era um processo em amadurecimento", diz Luis Terepins, presidente da fundação. "Procuramos um curador brasileiro, e que fosse identificado com o trabalho daqui. A ideia é sempre experimentar coisas novas."

    No ano passado, o pavilhão brasileiro em Veneza foi organizado pelo venezuelano Luis Pérez-Oramas, que também havia sido curador da Bienal de São Paulo em 2012. Sua seleção foi criticada pelo excesso de obras, fator agravado ainda pelo atraso na chegada das peças à cidade italiana.

    Também houve críticas à escolha de nomes —Hélio Fervenza e Odires Mlászho— então desconhecidos no meio.

    Em entrevista à Folha, Camillo Osorio, que trabalhará ao lado do curador Cauê Alves, adiantou que pretende levar um nome mais consagrado e outro ainda em ascensão a Veneza. "Quero que sejam artistas que já tenham uma presença na cena."

    De certa forma, a Fundação Bienal parece ceder a pressões para escalar curadores brasileiros, já que suas últimas duas edições foram lideradas por nomes estrangeiros.

    "Não existe uma preocupação de que o curador tenha de ser brasileiro. Existe uma discussão sobre o quanto esses curadores [estrangeiros] conhecem daqui", diz Terepins. "Tem também a coisa de ser uma representação nacional em Veneza, então faz sentido ser alguém daqui."

    Essa troca também reflete o desgaste da relação dos diretores da Fundação Bienal com os curadores, que apoiaram o manifesto de artistas a favor da devolução do patrocínio de Israel à mostra, um debate que estourou na abertura da mostra, em setembro.

    Artistas árabes e palestinos ameaçavam deixar a Bienal caso a fundação não devolvesse recursos israelenses, o que acabou não ocorrendo.

    Sobre o fato de não ter sido escalado para a representação em Veneza, Charles Esche disse à Folha que "essa foi uma decisão da diretoria". "Nossas emoções não têm nada a ver com o ocorrido."

    Terepins negou qualquer problema de relacionamento. "Não foi o episódio de Israel", disse. "Nosso relacionamento com os curadores é tranquilo e respeitoso."

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