• Ilustrada

    Thursday, 20-Jun-2024 08:57:59 -03

    Akram Khan monta Bangladesh mágica e pop em São Paulo

    IARA BIDERMAN
    SÃO PAULO

    17/10/2014 02h38

    Bangladesh é um país cercado pela Índia, que já foi domínio do Império Britânico e do Paquistão, castigado por um calor dos infernos e enchentes apocalípticas.

    "Desh" —terra natal em bengalês—, é a palavra que o bailarino Akram Khan, 40, nascido em Londres de pais bengaleses, trouxe de suas memórias afetivas para o solo que apresenta de sexta (17) a domingo (19) em São Paulo.

    A referência é uma meia verdade para Khan, que cresceu em um subúrbio londrino e estudou em Notting Hill, área de bacanas que já foi bairro de imigrantes. "Meu pai queria que eu fosse bengalês. Eu queria ser Michael Jackson", diz.

    Divulgação
    O bailarino e coreógrafo britânico Akram Khan em cena de 'Desh'
    O bailarino e coreógrafo britânico Akram Khan em cena de 'Desh'

    É a segunda vez que ele vem dançar no Brasil. A primeira foi em 2011, quando apresentou os espetáculos "Vertical Road" e "Gnosis".

    Ele diz ter certos laços com o país: os pais de sua mulher, japonesa, viveram em São Paulo. E conta que voltará à cidade em 2015 com seu novo trabalho, um duo com o espanhol Israel Galvan.

    Em "Desh", as características que fazem a fama de Khan estão presentes, como a dança contemporânea misturada a estilos tradicionais, que ele transforma e modifica.

    Interessam ao artista diferentes culturas, incluindo a pop. Além de Jackson, Fred Astaire, Chaplin e o hip hop vieram para a Bangladesh de Khan. "Eu os trouxe para a coreografia porque é isso o que sou, são as memórias corporais que tenho", diz.

    Mas "Desh" trata de memórias mais profundas, perseguidas quando, em 2010, o dançarino resolveu criar um solo —algo que sempre quis fazer, mas até então não tinha tido coragem.

    Quando achou que estava ficando velho, mergulhou na terra natal. "Rastreei meu passado e o do meu pai, e comecei a encontrar a identidade de meu trabalho."

    Na coreografia, com trilha sonora de Jocelyn Pook (autora da trilha de "De Olhos Bem Fechados", de Kubrick), há também o encontro da Bangladesh urbana, barulhenta e revoltada com a floresta mágica das lendas indianas.

    Nesta, o bailarino dança entre cipós, rios, plantas e animais feitos de luz, criação de Timmy Yip, Oscar de melhor direção de arte por "O Tigre e o Dragão", de Ang Lee.

    DESH
    QUANDO sex., às 21h30; sáb., às 20h; dom., às 18h
    ONDE Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000
    QUANTO de R$ 25 a R$ 190
    CLASSIFICAÇÃO livre

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024