• Ilustrada

    Sunday, 19-May-2024 03:20:26 -03

    Diretor Damián Szifrón afirma que fazer cinema "já não é difícil"

    ALBA GIL E PABLO GIULIANO
    DA EFE, EM SÃO PAULO

    17/10/2014 15h20

    "Fazer cinema já não é tão difícil", sentenciou nesta quinta-feira (16) o diretor argentino Damián Szifrón em lançamento de "Relatos Selvagens" no Brasil, ao afirmar que a chave do sucesso de um diretor é "escrever um bom roteiro" que fuja da necessidade de grandes produções.

    "Relatos Selvagens" abriu a 38ª Mostra de Cinema de São Paulo, que este ano homenageia o cinema espanhol e especialmente Pedro Almodóvar, um dos produtores do filme de Szifrón.

    Szifrón, um dos mais importantes nomes da nova geração de diretores argentinos, defendeu, em declarações à Agência Efe, a chance de fazer cinema "aqui e agora" devido ao avanço dos equipamentos tecnológicos.

    Divulgação
    Ricardo Darín em cena do filme 'Relatos Selvagens', de Damián Szifrón
    Ricardo Darín em cena do filme 'Relatos Selvagens', de Damián Szifrón

    "A dificuldade de fazer cinema passa por um bom roteiro que não exija uma megaprodução. Hoje em dia qualquer um tem acesso a uma câmera medianamente decente, a dispositivos móveis e computadores com programas de edição, que são os mesmos utilizados em nível industrial", comentou.

    O diretor de "Tiempo de Valientes" (2005) e da série "Os Simuladores" (2002) disse que os incentivos oficiais ao cinema são positivos, mas alertou que não devem ser um condicionante: "Um cineasta não pode jogar a culpa de nada em ninguém, mas fazer o que pode com as ferramentas que tem".

    "Relatos Selvagens, que tem Ricardo Darín como protagonista, chega às salas brasileiras após fazer parte da seleção oficial do Festival de Cannes e ser indicado pela Argentina para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

    Mas para Szifrón, "a lógica competitiva" não deve invadir o mundo das artes porque "afinal de contas a gente se recorda dos filmes que gostou, não dos que ganharam mais prêmios".

    "Relatos Selvagens" é composto de um prólogo e cinco histórias independentes entre si que têm em comum pessoas que perdem o controle diante de situações injustas, e é fruto da imaginação de Szifrón.

    Aos 39 anos, o diretor escreve seus roteiros sem ter ideia de qual será o final, mas sempre pensando que o receptor será o grande público, imaginando uma sala cheia de gente. O método parece funcionar. Só na Argentina o longa foi visto por 3 milhões de pessoas.

    "Conheço muito bem essa poltrona. Antes de ser diretor fui, e sou, espectador desde os 3 anos", enfatizou Szifrón, fã de filmes como "Contato na França", "As pontes de Madison", "O Poderoso Chefão" e "Tubarão".

    Szifrón defendeu que a arte seja executada em qualquer uma de suas formas, sem importar o tamanho do sucesso ou dos resultados concretos, como fama e dinheiro.

    "A relação da classe média com a arte é a seguinte: o artista que é bem-sucedido é considerado melhor inclusive que um médico, que um cientista. Mas se não vai bem, é um vagabundo que está perdendo o tempo", analisou.

    E deu como exemplo o astro argentino Lionel Messi, que porque causa do talento, da fama e da fortuna, precisa lidar com partes obscuras do sucesso.

    "Francamente, não sei se Messi é extremamente feliz. Tiram fotos o tempo todo, pedem autógrafos em todos os lugares, tem milhões de assessores dizendo onde colocar seu dinheiro", continuou.

    Perguntado sobre a admiração do Brasil pelo cinema argentino, ele afirmou que "não parece bom comparar uma nação com a outra, porque o cinema é feito por apenas uns poucos indivíduos", e elogiou os diretores brasileiros Walter Salles, Fernando Meirelles e José Padilha.

    Szifrón disse que gostaria de ver mais filmes brasileiros nas salas argentinas e defendeu a produção local como método de identificação de cada país com seus atores, sotaques e formas de ser.

    "Na Argentina, o mesmo roteiro de um filme, protagonizado por Darín, tem mais chances de sucesso do que a mesma história interpretada por Tom Cruise ou George Clooney", explicou.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024