Estreadas respectivamente em 1890 e 1892, "Cavalleria Rusticana" (cavalheirismo rústico) e "I Pagliacci" (os palhaços) passaram a formar uma dobradinha já em 1893.

"Cavalleria" é uma ópera em ato único de Pietro Mascagni (1863-1945); "I Pagliacci", de Ruggero Leoncavallo (1857-1919), tem dois atos curtos. Ambas cabem em espetáculo único, como na produção atual do Theatro Municipal.

Tal como a música de Nino Rota (1911-79) nas cenas italianas do filme "O Poderoso Chefão" (1972), de Coppola, o som de Mascagni tem uma beleza rústica, parece colado na paisagem camponesa da Sicília.

As vozes do elenco da estreia, no dia 18, não formaram um todo compacto, e a soprano finlandesa Tuija Knihtlä, de voz linda e poderosa, roubou a cena como Santuzza.

	Leonardo Soares/Folhapress
	Ensaio de 'Cavalleria Rusticana', do italiano Pietro Mascagni (1863-1945), no Municipal

A novidade da noite foi a versão cênica de William Pereira para "I Pagliacci". Se "Cavalleria" traduz em sons a paisagem cultural, a obra de Leoncavallo –com suas cadências harmônicas errantes– segue de perto as oscilações do tempo psicológico: é o ressoar ambivalente da interioridade.

Por isso pareceram desnecessárias as projeções de vídeo (em especial no primeiro ato), que tornaram a cena demasiadamente carregada e desconectada das sutilezas do discurso sonoro.

Walter Fraccaro foi um bom Canio, Inva Mula saiu-se bem como Nedda, e Davide Luciano um ótimo Silvio. Alberto Gazale (que fora Alfio em "Cavalleria") cresceu ao longo da noite como Tonio.

Regida por Ira Levin, a Sinfônica Municipal esteve bem, sem brilhos nem desvios. Mas a ação foi um pouco lenta, em especial no segundo ato de "I Pagliacci": o programa todo (com um intervalo) durou três horas e meia.

CAVALLERIA RUSTICANA E I PAGLIACCI
QUANDO ter. (21 e 29), qui. (23) sáb. (25), às 20h, dom. (26), às 18h, e qua. (29), às 20h
ONDE Theatro Municipal de São Paulo, pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. (11) 2626-0857
QUANTO ingressos esgotados
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO bom