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    Crítica: Estranheza de filme prende espectador, mas falta ritmo

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/10/2014 02h16

    Primeiras imagens: um cadeirante vai a uma espécie de estúdio de rádio, coloca um disco e improvisa um rap. Fotos de um baile são inseridas no seu discurso ritmado.

    Em seguida, vemos um homem balançando em uma espécie de carroceria de caminhão. Saberemos logo depois que se trata de uma nave de viajar no tempo. E a essa altura, já nos perguntamos: que diabo de filme é esse?

    É uma ficção científica política e apocalíptica sobre Brasília e as cidades-satélites, proposta pelo diretor Adirley Queirós neste seu primeiro longa após o premiado "A Cidade É Uma Só?" (2011).

    Acompanhamos três personagens. O DJ cadeirante do começo é o mais interessante e politizado, praticamente um terrorista sonoro. Há ainda o rapaz que perdeu uma perna e tenta se adaptar com próteses descartadas por outros, e o viajante do tempo responsável pelo combate a injustiças raciais do futuro.

    Divulgação
    DJ Marquim do Tropa no filme 'Branco Sai. Preto Fica
    DJ Marquim do Tropa no filme 'Branco Sai. Preto Fica'

    O rapaz das próteses é responsável pelo lado mais abertamente documental, e sua participação parece destinada à função social que já se tornou muleta no cinema brasileiro contemporâneo. É o ponto mais frágil do longa.

    Adirley faz cinema da Ceilândia, cidade-satélite empobrecida e esquecida, cinema politizado, extremamente crítico à capital federal.

    A estranheza inicial nos captura, e a encenação é razoável, mas há também um problema evidente: falta domínio do ritmo. São vários os momentos em que nos descolamos do filme.

    Algumas imagens e ideias, contudo, são fortes para minimizar os problemas: o amor pelo vinil, a curiosa máquina do tempo, a Vanguarda Cristã que detém o poder, a inacessibilidade para deficientes físicos, a ideia do desmanche de próteses. Enfim, um universo inusitado que é explorado com inteligência. (SA)

    BRANCO SAI. PRETO FICA
    DIREÇÃO Adirley Queirós
    PRODUÇÃO Brasil, 2013, livre
    MOSTRA qua. (22), 19h50, no Espaço Itaú - Augusta; qui. (23), 15h45, e ter. (28), 14h50, no Espaço Itaú - Frei Caneca
    AVALIAÇÃO bom

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