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    Dupla leva ao palco terapia não verbal de família

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    23/10/2014 02h50

    É dança? Mímica? Marionete? É o teatro gestual de André Curti e Artur Luanda Ribeiro, mas o nome oficial é o que menos importa para eles.

    "Os programadores, precisavam colocar o nosso trabalho em uma caixinha. Para nós, é teatro, tem narrativa, personagens. Só não tem a palavra falada", diz Ribeiro.

    Dois irmãos que não se viam há anos se encontram no enterro do pai. Dali começam as lembranças, numa espécie de terapia de família não verbal. "Mas não é catarse, a gente não quer isso", afirma Ribeiro.

    Ele conta que é comum o público achar que a obra é autobiográfica. "Espectadores chegam e dizem obrigado por ter aberto sua vida, deve ter sido barra perder um irmão'", diz.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Os atores André Curti (esq.), Raquel Iantas e Artur Ribeiro no Sesc Belenzinho, em SP
    Os atores André Curti (esq.), Raquel Iantas e Artur Ribeiro no Sesc Belenzinho, em SP

    "É o drama de todos. A mãe que esquece o seu aniversário; o pai desaparece e ninguém te explica nada", afirma Curti sobre a trama que, sim, tem um morto no armário, mas não foi tirado da biografia dos criadores da peça.

    Embora não tenha diálogos, o teatro gestual da companhia começa no texto. Eles escreveram a trama e, depois, transformaram a situação em gestos e objetos, "juntando as peças como num Lego".

    Em "Irmãos de Sangue", a brincadeira é caminhar na linha fina entre o realismo e o mundo fantástico dos sonhos.

    Curti, paulista, e Ribeiro, carioca, se conheceram na França, onde moram desde os anos 1990. "Dois brasileiros, sabe como é, a gente sempre falava um dia vamos fazer um trabalho juntos'", conta Ribeiro.

    Em 1998, surgiu a companhia Dos à Deux, nome do espetáculo então montado pelos dois: uma versão "muda" de "Esperando Godot", de Samuel Beckett (1906-89).

    Com peças que rodam a França e o mundo, a companhia tem patrocínio do Ministério da Cultura francês, mas sempre fez força para manter um pé no Brasil. "No começo, trazer as peças para cá era trabalho de pagador de promessas", conta Ribeiro.

    Segundo a dupla, as coisas estão ficando mais fáceis. Em 2010, eles compraram uma casa "caindo aos pedaços" em Santa Teresa, para a sede do Dos à Deux. "Está 70% pronta", diz Ribeiro sobre o imóvel que querem usar para residências artísticas e ateliê de formação e criação.

    IRMÃOS DE SANGUE
    QUANDO qui, sex. e sáb, às 21h; dom., às 18h
    ONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700
    QUANTO de R$ 8 a R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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