Para Domingos Oliveira, o início foi o melhor: em 1967, o sucesso de "Todas as Mulheres do Mundo" mostrou ser possível fazer, no Brasil, um filme ao mesmo tempo leve e capaz de tratar de seres reais.

Uma história linear, sem grandes complicações ou questões ideológicas de fundo, era capaz de atrair o público, interessá-lo, sem por isso ser degradante. Longe disso.

De passagem, ao contar uma história de amor, ele abria sua alma: era em linhas gerais a sua vida em cena. A atriz era ninguém menos que Leila Diniz, que o filme transformou em estrela da noite para o dia.

	Paula Giolito/Folhapress
	O cineasta Domingos Oliveira em seu apartamento no Rio

O que veio depois acontece com frequência com cineastas que começam com sucessos retumbantes: o fracasso. "Edu, Coração de Ouro" não tinha a mesma inventividade.

Trabalhos como roteirista da Globo seguiram-se nos anos 70 e 80, assim como o teatro, mas sua carreira ganhou novo início quando dirigiu a série "Confissões de Adolescente" (1994-96), com a filha Maria Mariana, que significou para a TV mais ou menos o que seu filme de estreia foi para o cinema.

Se isso se deu no momento em que o cinema brasileiro vivia uma grande crise, foi em meio a ela que ele ressurgiu no cinema. "Amores" (1998) voltava ao tom confessional, seu forte, com orçamento mínimo.

O filme foi visto como "uma saída" para um cinema brasileiro então imobilizado, mas era só uma lufada de ar. Nesse sentido, "Infância" pode marcar novo recomeço. Não com uma grande produção, mas com mais recursos e, sobretudo, com a vantagem de ter Fernanda Montenegro no elenco.