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    Mostra tem profusão de longas que captam o Brasil em preto e branco

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    25/10/2014 02h37

    Uma selva de pedras em centenas de tons de cinza é como São Paulo surge em "Obra", de Gregorio Graziosi. Até mesmo o idílico arquipélago de Fernando de Noronha (PE) aparece monocromático na sequência inicial de "Sangue Azul", de Lírio Ferreira.

    Um Brasil em preto e branco está em três longas exibidos na 38ª Mostra de Cinema de São Paulo. "Sempre me fascinou a ideia de filmar o paraíso assim, ainda mais se é oceânico e vulcânico", diz Ferreira, referindo-se à profusão de cores da natureza.

    Na trama de "Sangue Azul", Zolah (Daniel de Oliveira) retorna à ilha após ter passado a vida num circo. Em Noronha, ele revê a irmã, por quem nutre uma atração.

    Divulgação
    O ator Irandhir Santos em cena do filme 'Obra', do cineasta Gregorio Graziosi
    O ator Irandhir Santos em cena do filme 'Obra', do cineasta Gregorio Graziosi

    Os primeiros minutos —a armação da lona, o espetáculo— transcorrem em preto e branco. A inspiração, diz Ferreira, veio de Sergei Eisenstein (1898-1948), pioneiro do cinema soviético, e do fotógrafo francês Pierre Verger (1902-1996), famoso pelos retratos do universo do candomblé.

    Segundo Graziosi, o preto e branco é a "melhor forma de representar São Paulo."

    "Os prédios vão se amontoando. Num momento não se vê mais nada que não seja concreto", diz o diretor paulista, que empregou uma estética inspirada nas imagens do fotógrafo Cristiano Mascaro, conhecido pelos retratos da arquitetura da cidade.

    Arquitetura paulistana, aliás, é tema central do longa-metragem "Obra", todo em preto e branco. Nele, Irandhir Santos interpreta um arquiteto que descobre um cemitério clandestino num terreno que pertenceu à sua família.

    "Em festivais lá fora até estranhavam que o filme fosse brasileiro por conta da estética", conta Graziosi.

    A capital paulista também surge ora em preto e branco no curta "Domingo", de Karim Aïnouz. O diretor diz, contudo, que a opção foi mais para reforçar as cores do artista visual Olafur Eliasson, que inspira o filme, do que uma "estratégia estética pelo PB".

    Aïnouz tem um palpite para a profusão do monocromático no cinema. "Com o digital, as imagens ficaram muito parecidas. Passaram a filmar tudo com mesmas câmeras e lentes. O preto e branco resulta em algo mais singular."

    DOMINGO
    DIREÇÃO Karim Aïnouz
    PRODUÇÃO Brasil, 2013, livre
    MOSTRA sáb. (25), 20h, no largo São Francisco

    OBRA
    DIREÇÃO Gregorio Graziosi
    PRODUÇÃO Brasil, 2014, 10 anos
    MOSTRA sáb. (25), 18h, no CineSesc; dom. (26), 22h15, no Espaço Itaú – Frei Caneca; seg. (27), 16h, no Cine Belas Artes

    SANGUE AZUL
    DIREÇÃO Lírio Ferreira
    PRODUÇÃO Brasil, 2014, 16 anos
    MOSTRA dom. (26), 16h15, no Espaço Itaú – Frei Caneca

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