Discos de tributo nunca escapam de resultados irregulares. As músicas do homenageado são, na maioria, sucessos consagrados. Entre as opções de fazer uma versão respeitosa ao original ou subverter cada tema até desfigurá-lo, surgem erros e acertos.

"Nelson 70" apresenta as boas músicas de Nelson Motta em faixas que vão de equívocos claros, como Lenine recriando "Certas Coisas", a belos achados, feito Max de Castro refazendo "Areias Escaldantes". No caso, dois hits de Motta na voz (e na guitarra) de Lulu Santos.

Max não foge do rock básico e acelerado do original, mas potencializa certa fúria com uma boa dose de barulho sujo. Lenine foi para uma versão econômica, com a talentosa violoncelista Cristina Braga. Mas desnudou uma música que já era suave. Aí ficou delicada demais, quase vazia.

	Cecilia Acioli/Folhapress
	O jornalista e escritor Nelson Motta completa 70 anos

A opção de inserir percussão e outros adereços sonoros nas canções de Motta e seus parceiros é repetida algumas vezes. O resultado às vezes soa confuso, como Céu em "De Repente Califórnia", ou um pouquinho além da conta, como a guitarra de "Perigosa", com Ana Cañas.

Alguns conseguiram imprimir sua marca pessoal. Caso da fofura de Fernanda Takai em "De Onde Vens" e dos improvisos vocais de Ed Motta em "Coisas do Brasil".

Quem se sai melhor é Gaby Amarantos, que recria o pandemônio dançante das Frenéticas em "Dancin' Days".

As surpresas vieram dos estrangeiros, que fizeram versões intimistas: o uruguaio Jorge Drexler, em "Como uma Onda", e a portuguesa Cuca Roseta, em "Apaixonada".

NELSON 70
LANÇAMENTO Som Livre, previsto para esta semana
AVALIAÇÃO bom