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    Programação 2015 do Theatro São Pedro complementa cena lírica de SP

    SIDNEY MOLINA
    CRÍTICO DA FOLHA

    29/10/2014 03h00

    Embora não tenham sido divulgados ainda todos os detalhes da próxima temporada de óperas do Theatro Municipal, já foi informado que serão apresentados oito títulos, incluindo "Othello", de Verdi (1813-1901), e "Lohengrin", de Wagner (1813-83).

    Anunciada oficialmente nesta terça-feira (28), a temporada do Theatro São Pedro -equipamento do Governo do Estado administrado pela Organização Social Instituto Pensarte -, adiciona mais seis óperas à cena lírica paulista de 2015.

    Será a primeira programação concebida e dirigida pelo maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor artístico que assumiu a casa em julho passado no lugar de Emiliano Patarra. Situado no bairro da Barra Funda, o Theatro São Pedro existe desde 1917.

    O novo projeto para o teatro aprofunda o trabalho na Academia de Ópera (criada na gestão passada) e abre horizontes para cantores brasileiros de diferentes gerações, além de ocupar com inteligência um espaço repertorial menos convencional.

    As seis óperas do ano (em cinco espetáculos distribuídos entre os meses de março e novembro) trarão duas obras brasileiras, duas italianas e duas russas.

    Divulgação
    Cena da ópera "“Falstaff”", exibida em 2014 no Theatro São Pedro
    Cena da ópera "Falstaff", exibida em 2013 no Theatro São Pedro

    A temporada abre com a rara "O Amor dos Três Reis", de Ítalo Montemezzi (1875-1952), seguindo com "Poranduba" (sobre lendas indígenas brasileiras), de Edmundo Villani-Côrtes, passando pela retomada do "Falstaff" de Verdi feito em 2013, além de ter "Bodas no Monastério", de Sergei Prokofiev (1891-1953) e o par "O Homem dos Crocodilos" (de Arrigo Barnabé) junto com "Édipo Rei", de Igor Stravinsky (1882-1971).

    A programação parece pensada para o contexto maduro da cena cultural paulista atual, e tem um conceito totalmente diferente do desenvolvido pelo próprio Malheiro no Festival Amazonas de Ópera - um dos eventos mais importantes do calendário musical clássico brasileiro, e responsável pela histórica apresentação das 20 horas de música do ciclo "O Anel do Nibelungo", de Wagner, em 2005.

    Malheiro terá como assistente André dos Santos e contará com Nibaldo Araneda como responsável por arregimentar cantores para as partes corais das montagens (o Theatro São Pedro conta com orquestra fixa, mas não tem coro residente).

    O foco nos séculos 20 e 21 é quase total: "Falstaff", de 1893 -justamente a última ópera escrita por Verdi, é a exceção. A ópera de Montemezzi é de 1913, a de Stravinsky (com libreto do escritor e cineasta Jean Cocteau), de 1927 e a de Prokofiev, de 1946.

    Destacam-se também as duas obras contemporâneas brasileiras: "Poranduba" (2007), do veterano Villani-Côrtes, feita apenas em Manaus, e "O Homem dos Crocodilos", de Arrigo Barnabé, que estreou em São Paulo em 2001.

    Repleta de referências psicanalíticas, essa obra é uma das mais cuidadosas criações do líder da Vanguarda Paulista de música popular dos anos 1980.

    O repertório lírico tradicional, por outro lado, estará bem presente em séries paralelas de concertos noturnos e vespertinos (em especial aos fins de semana) com intensa participação dos estudantes da academia.

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