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    Documentário faz retrato sem filtros de Cássia Eller

    GISLAINE GUTIERRE
    DE SÃO PAULO

    29/10/2014 02h24

    Deitada, de touca, e com os olhos cheios de lágrimas, Cássia Eller olha para a câmera. Sorri e põe a língua para fora.

    A cantora, que àquela altura já era conhecida por sua postura explosiva nos palcos —ela já havia usado cabelo moicano e "coçado o saco" diante das plateias— se tornava mãe naquele momento.

    A cena íntima, do parto de seu único filho, Francisco Eller, é uma das muitas que compõem o documentário "Cássia", de Paulo Henrique Fontenelle, que tem nesta quarta (29) sua última sessão na Mostra Internacional de Cinema.

    O filme, apontado pela crítica como um dos melhores do evento, apresenta duas horas de uma narrativa intensa, apoiada em fotos, vídeos e depoimentos de artistas, amigos e familiares, que tentam compor um retrato particular de Cássia, morta em 2001, aos 39, e no ápice da fama.

    Divulgação
    A cantora Cássia Eller em cena do documentário sobre sua vida
    A cantora Cássia Eller em cena do documentário sobre sua vida

    "A música dela todo mundo conhece, mas a história não", diz Fontenelle, que fez o filme a partir de 40 entrevistas e cerca de 200 horas de material de arquivo.

    O diretor conta que descobriu "a Cássia de verdade" numa viagem que fez com a ex-banda da cantora a Maceió, em 2011. "Era uma pessoa simples e que no auge do sucesso abandonava o empresário e ia fazer show em churrascaria."

    No filme, há cenas curiosas. Cássia aparece jovem, em um vestido de paetês e entoando canções em inglês. Há também passagens engraçadas, como a primeira aproximação feita por Maria Eugênia —com quem ela viveu por 14 anos—, e trechos tocantes, como o da mãe lembrando as crises de abstinência de drogas da cantora.

    Nando Reis, principal parceiro musical de Cássia, dá o depoimento mais emocionante. "Durante a entrevista com ele, teve uma hora que olhei para trás e estava todo mundo da equipe chorando", diz.

    O filme também fala da morte da cantora, inicialmente atribuída a overdose, e da briga pela guarda de Chicão, entre o pai de Cássia e Maria Eugênia –vencida pela ex-companheira.

    "Maria Eugênia queria que a gente mostrasse a Cássia sem máscaras, porque ela nunca escondeu nada de sua vida", diz o diretor. Para ele, a cantora ajudou a quebrar preconceitos. "É como a música All Star: Estranho se eu não me apaixonasse por você'". O filme chega aos cinemas em janeiro.

    CÁSSIA
    DIREÇÃO Paulo Henrique Fontenelle
    PRODUÇÃO Brasil, 2014, 12 anos
    MOSTRA nesta quarta (29), às 21h50, no Cinesala Sabesp

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