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    Pesquisa indica que educação pesa mais que renda para hábitos culturais

    KARLA MONTEIRO
    DE SÃO PAULO

    07/11/2014 02h00

    O porteiro é apaixonado pelo pintor italiano Caravaggio e recita Machado de Assis. Louco por Roberto Carlos, o despachante batizou quatro filhos com a bênção do Rei em pessoa. O estudante tem um princípio: só lê livros emprestados. E a avó escritora é letrada em tecnologia.

    Os personagens acima são estatística. Pesquisa da JLeiva Cultura e Esporte, consultoria especializada em políticas culturais, acaba de traçar o mapa do consumo cultural no Estado de São Paulo.

    Foram ouvidas 7.939 pessoas, entre abril e maio deste ano, em 21 cidades com mais de 100 mil habitantes. O objetivo é prover de informações gestores culturais e fomentar o debate que auxilie as políticas públicas para o setor.

    "Já há algum tempo se sabe que, para desenvolver hábitos de cultura, os fatores mais influentes são educação e renda. Mas queríamos mais", diz João Leiva, diretor da JLeiva.

    "Diz-se, por exemplo, que as pessoas não vão ao teatro. Mas, então, quantas vão de fato ao teatro? A ideia era ter o perfil dos consumidores", explica Leiva, que encomendou a pesquisa ao Datafolha. Os dados estão no site da consultoria.

    Danilo Verpa/Folhapress
    O porteiro José Carlos da Silva, 52, frequenta museus e bibliotecas
    O porteiro José Carlos da Silva, 52, frequenta museus e bibliotecas

    ILHAS

    Classe C ou classes A e B, quem consome mais cultura? Quem vai ao cinema, jovens ou idosos, pobres ou ricos? Os paulistas frequentam mais bibliotecas ou museus? Segundo Leiva, a pesquisa trouxe surpresas.

    Mostra que 69% dos entrevistados da classe C com ensino superior frequentaram bibliotecas no último ano, contra 40% dos entrevistados das classes A/B com ensino médio. Quando o hábito é cinema, a diferença diminui, 82% na classe C e 76% nas classes A/B; museus, 42% e 29%, respectivamente. "Este dado não é conclusivo, mas pode indicar que educação tem peso maior do que renda", analisa Leiva.

    Outra dado que surpreendeu refere-se à existência —ou não— de equipamentos de cultura nas cidades.

    "São José do Rio Preto aparece como o lugar onde mais se vai ao teatro. Também é a cidade onde acontece o maior festival teatral do Estado [o FIT]", comenta Leiva. "O interesse por música clássica em Tatuí é elevado. Lá está o principal conservatório de São Paulo. Já Guarulhos, que tem pouca oferta, está abaixo da média em todos os quesitos".

    O cinema ocupa o topo da preferência no Estado —60% dos habitantes foram ao cinema no último ano. Em seguida estão festas populares (47%) e shows (46%). Bibliotecas aparecem com média de 36%; teatro de 28% e museus, de 26%. As atividades com menor frequência são espetáculos de dança (19%), saraus (14%) e concertos (12%).

    Conheça a histórias de quatro personagens que dão vida aos números da pesquisa sobre hábitos culturais em São Paulo.

    ARTE

    42% dos paulistas da classe C com ensino superior vão a museus

    TECNOLOGIA

    10% dos entrevistados com 60 anos baixam filmes na internet

    MÚSICA

    10% dos entrevistados ouvem Roberto Carlos

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