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    Brasília recebe mostra do pintor russo Wassily Kandinsky

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    11/11/2014 02h20

    Na explosão de cores e formas da tela "São Jorge" (1911), é possível distinguir a figura de um cavaleiro sobre o dragão.

    Os traços de uma flecha xamânica da Mongólia também são perceptíveis em uma das telas de "Improvisações", a série criada entre 1909 e 1914 pelo pintor abstrato russo Wassily Kandinsky (1866-1944).

    São referências como essas que a exposição "Tudo Começa num Ponto", dedicada à obra de Kandinsky, pretende colocar em destaque.

    A mostra começa nesta quarta (12) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de Brasília e permanecerá no país por quase um ano —a partir de janeiro do ano que vem seguirá para Rio, Belo Horizonte e São Paulo, onde o público poderá ver as obras de julho a setembro. A expectativa total de público é de cerca de 1 milhão de pessoas.

    Divulgação
    'Improvisação n°11', tela de 1910 de Wassily Kandinsky
    'Improvisação n°11', tela de 1910 de Wassily Kandinsky

    "Trazemos um acervo importante de arte popular russa e objetos xamânicos, cujo vínculo é evidente no trabalho dele. Nosso caminho foi explorar seu surgimento, a primeira etapa de Kandinsky, e ir mostrando a evolução até a consagração na arte abstrata", diz Rodolfo de Athayde, diretor geral da exposição.

    CAVALEIRO AZUL

    Kandinsky é considerado o pioneiro da abstração. Fundador do grupo Cavaleiro Azul, surgido em Munique, em 1911, o artista se opunha aos cubistas então em voga defendendo uma orientação quase espiritual para as artes visuais.

    Suas telas, estruturadas em torno de formas puras, partiam da ideia de que cores e gestos eram capazes de transmitir uma mensagem intrínseca, numa comunicação de homem para homem independente da representaçãwo da natureza e seus fenômenos.

    Na concepção do artista, suas formas eram como teclas de um piano, acionadas para criar, cada uma a seu modo, um impacto psicológico.

    Nascido em Moscou, de uma família de comerciantes, Kandinsky já adotava na infância, durante aulas de pintura, a combinação de cores fortes e inesperadas. "Cada cor tem uma vida misteriosa", justificava o artista.

    A trajetória do pintor russo é narrada em vídeo exibido na mostra, que relata a reação à época, nem sempre positiva, às pinturas de Kandinsky.

    Em 1910, quando participou de exposição em Munique, na Alemanha, a reação raivosa do público foi motivo de crítica do proprietário da sala de exposições.

    "Em seu círculo, Kandinsky contou das queixas do dono da galeria que, depois da exposição, havia sido obrigado a limpar os quadros porque o público cuspira neles'", relata trecho do vídeo.

    Anos mais tarde, devido ao fechamento pelos nazistas da escola alemã de design Bauhaus, onde dava aula, o pintor se mudou para a França, onde passou o resto da vida.

    Ao todo na mostra, estão 25 trabalhos de Kandinsky, entre telas, xilogravuras e desenhos sobre vidro.

    WASSILY KANDINSKY
    QUANDO abre na quarta (12); de qua. a seg., 9h às 21h; até 12/1
    ONDE CCBB-Brasília, SCES, Trecho 02, lote 22, tel. (61) 3108-7600
    QUANTO grátis

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