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    Crítica: Álbum é trilha sonora da quarta encarnação do Pink Floyd

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    12/11/2014 02h20

    O guitarrista David Gilmour e o baterista Nick Mason, remanescentes do Pink Floyd, não parecem preocupados com o sucesso comercial do novo álbum —também, não precisam: há 41 anos, "The Dark Side of the Moon" vende 10 mil cópias por semana.

    A essa altura, fãs do Floyd devem estar discutindo detalhes de cada canção, tentando achar similaridades com outras músicas da banda. Além das sobras de estúdio de "The Division Bell", o novo LP traz pequenos trechos de gravações de Rick Wright, algumas com mais de 40 anos.

    O que leva à questão: o que caracteriza uma música do Pink Floyd? Já houve uma banda cujo estilo variou tanto, de acordo com a alternância de poder dentro do grupo?

    A grosso modo, existiram quatro Pink Floyds: o primeiro durou de 1965 até 1968, quando o motor do grupo era o genial Syd Barrett e a banda criou uma obra-prima da lisergia, "The Piper at the Gates of Dawn". Essa fase terminou quando Barrett entrou em colapso mental pelo uso de LSD.

    A segunda fase do Floyd foi a única em que a banda realmente foi uma "banda", com um certo equilíbrio de poder e divisão de composições. Durou de "More" (1969) a "Wish You Were Here" (1975).

    Divulgação
    Os músicos Richerd Wright, Roger Waters, Nick Mason e David Gilmour, em foto de 1973
    Os músicos Richerd Wright, Roger Waters, Nick Mason e David Gilmour, em foto de 1973

    No fim dos anos 1970, o baixista Roger Waters começou a transformar o Floyd em seu projeto pessoal. Aproveitando uma fase desinteressada de David Gilmour —que, sentindo-se subestimado no grupo, lançou até um disco solo—, Waters comandou três LPs ambiciosos de tons orwellianos: "Animals" (1977), "The Wall" (1979) e "The Final Cut" (1983).

    Curiosamente, os discos transformaram o grupo no colosso cinza e totalitário que Waters parecia criticar.

    Em meados dos anos 1980, Waters deixou a banda e processou seus ex-companheiros para evitar que usassem o nome Pink Floyd. Gilmour e cia. ganharam o processo. Desde então, o Floyd é o projeto pessoal de Gilmour. É a quarta encarnação do Pink Floyd.

    "The Endless River" não será lembrado pelos fãs como um dos grandes momentos da banda. O que não quer dizer que não seja um disco importante. Afinal, é o primeiro em duas décadas e deve ser o último gravado pelo grupo.

    O disco, quase todo formado por sobras de estúdio do LP "The Division Bell" (1994), é um tributo a Rick Wright, o tecladista, que morreu em 2008. Tem 18 músicas, sendo que apenas uma —"Louder than Words"— não é instrumental. É um disco lento e bonito, uma coleção de sons "ambient" que parece trilha sonora de filme.

    THE ENDLESS RIVER
    ARTISTA Pink Floyd
    GRAVADORA Parlophone e Warner
    QUANTO US$ 14,99 (cerca de R$ 39), na iTunes Store
    AVALIAÇÃO bom

    Editoria de Arte/Folhapress

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