• Ilustrada

    Sunday, 19-May-2024 06:19:50 -03

    Inezita Barroso, 89, repassa sua carreira em nova biografia

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 02h45

    Perto de completar 90 anos, em março de 2015, Inezita Barroso diz que "ficou tarde para pensar em aposentadoria". "Vou trabalhar até o fim. Parar de cantar e de trabalhar não está nos meus planos", diz ela à Folha.

    A cantora e apresentadora está há 35 anos à frente do programa "Viola, Minha Viola", da Cultura. Antes de comandar a atração dedicada à música caipira, porém, Inezita percorreu muita estrada. Literalmente.

    Uma das passagens mais saborosas da biografia "Inezita Barroso - Rainha da Música Caipira", recém lançada pelo jornalista Carlos Eduardo Oliveira, conta justamente as jornadas da paulistana pelos rincões do Brasil na década de 1950, dirigindo ela mesma um jipe.

    De família quatrocentona, proprietária de fazendas, Inezita já havia enfrentado os parentes para se tornar cantora –seria, então, a primeira a gravar o sucesso "Ronda", escrito por Paulo Vanzolini. Nas viagens de carro, vivenciando de perto os costumes e a música regional, nascia ali também o seu trabalho como folclorista.

    Arquivo Pessoal
    Inezita Barroso posa com violão em foto da década de 60
    Inezita Barroso posa com violão em foto da década de 60

    A rotina de pesquisadora ela faz questão de manter até hoje. "Muitas vezes as pessoas acham que é só ir até lá e gravar [o Viola, Minha Viola']. Mas se esquecem que a equipe do programa e eu escolhemos cada atração. Se ela está lá é porque passou por uma reunião e uma avaliação interna", diz.

    "Escutamos, em média, 20 discos a cada reunião. Ouvimos muita coisa boa, mas muita coisa ruim também."

    VOZ PRÓPRIA

    O livro, que tem prefácio do cantor sertanejo Daniel, é o primeiro a contar a vida da artista em primeira pessoa, dividida em capítulos curtos e ilustrada com diversas fotos de seu arquivo pessoal.

    "É um livro de fã, um pequeno livro despretensioso, no qual eu preferi dar voz a ela mesma, para que as pessoas a conheçam melhor", explica Oliveira, 47, editor na revista de gastronomia "Gula". As entrevistas que resultaram no livro começaram há cerca de quatro anos.

    "Acho que ficou uma obra engraçada, porque a vida da Inezita é curiosa", avalia ele, que destaca, entre as histórias menos conhecidas dela, o fato de ter montado um restaurante na avenida Santo Amaro, em São Paulo, nos anos 1970. O negócio, mantido em paralelo com a música, durou pouco, por falta de tempo para administrá-lo.

    Oliveira, que se define como "roqueiro nato", diz ter aprendido a gostar de moda de viola por causa dos programas de Inezita na TV, assistidos na juventude nos sábados à noite, antes de ir para a balada. "Inezita foi o primeiro pilar feminino na MPB", defende o autor.

    INEZITA BARROSO - RAINHA DA MÚSICA CAIPIRA
    AUTOR Carlos Eduardo Oliveira
    EDITORA Kelps
    QUANTO R$ 32 (212 págs.)

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024