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    Minoria em feira nerd, mulheres brigam por espaço

    ANGELA BOLDRINI
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 02h40

    A Brasil Comic Con, evento de cultura pop que acontece neste sábado (15) e domingo (16) em São Paulo, terá 26 convidados, mas apenas três deles são mulheres.

    Virão ao Brasil a ilustradora Renee Witterstaetter, de "Superman", e a "cosplayer" —pessoa que se caracteriza como um personagem— Ana Bertola. A modelo e blogueira Mari Graciolli fará a apresentação do concurso de "cosplay".

    Ilustradoras, quadrinistas e animadoras ainda são minoria neste universo, apesar de, segundo o site americano "Comic Beat", 47% dos leitores de quadrinhos serem mulheres.

    "Consigo contar nas mãos quantas mulheres trabalhavam na indústria quando eu comecei", afirma Witterstaetter. "Mas nessa época não havia meninas frequentando as convenções."

    Victor Palaci/Divulgação
    Laura Demetrios, 23, faz 'cosplay' do anime 'Ikkitosen'
    Laura Demetrios, 23, faz 'cosplay' do anime 'Ikkitosen'

    IDENTIFICAÇÃO

    Mari Graciolli acredita que o aumento se deve à mudança na forma como as personagens são retratadas nas obras. "Com as figuras femininas se tornando mais importantes, as garotas passam a se identificar mais".

    No entanto, ainda enfrentam resistência. "Já me disseram é feminino, mas é bom'", conta a quadrinista curitibana Bianca Pinheiro, 27, sobre resenhas de sua HQ "Bear".

    Para ela, o maior desafio é fugir de temas comuns ao universo dos quadrinhos masculinos, como lutas e heróis.

    "Não tem tanto preconceito por ser mulher", diz. "Mas se você é uma menina que escreve sobre temas femininos, como empoderamento, rola preconceito."

    SEM CATEGORIAS

    Para Witterstaetter, que ilustrou quadrinhos como "Superman", o gênero do autor não deve ser uma questão para quem decide se lê ou não histórias em quadrinhos.

    "É uma armadilha colocar pessoas em categorias. Não gosto de definir ninguém, seja pela raça, pelo sexo ou pela orientação sexual".

    Ela diz nunca ter sofrido discriminação —"Só quando tiravam sarro dos meus vestidos floridos"— e acha que há "muitas oportunidades" para meninas que queiram entrar na indústria.

    "Já tentaram me abraçar, me agarrar, me beijar", diz Demetrios, 23, que pretende ir ao evento caracterizada como a personagem Ryofu, do desenho japonês "Ikkitosen".

    O assédio às "cosplayers" tem causado polêmica nas convenções de quadrinhos americanas, onde frequentadoras protestaram contra a falta de segurança.

    Em Nova York, cartazes com os dizeres "cosplay não é consentimento" foram espalhados pelo evento.

    Leandro Cruz, organizador da Brasil Comic Con, afirma que o evento tomará medidas como as da convenção nova-iorquina. "Vamos colocar alguns avisos de campanha pelo bom senso' no concurso, pra mostrar ao público que estamos ligados", afirma.

    Embora a feira leve o mesmo nome da famosa convenção que acontece em San Francisco, nos Estados Unidos, a Brasil Comic Con não é uma filial brasileira do evento.

    BRASIL COMIC CON
    QUANDO sáb (15) e dom. (16), das 10h às 20h
    ONDE Centro de Eventos Pró-Magno, r. Samaritá, 230
    QUANTO na porta R$ 138 (inteira) e R$ 69 (meia)

    ATRAÇÕES

    BC4 (concurso de cosplay)
    Com categorias individuais e em grupo, os participantes concorrerão a R$ 10 mil ou uma viagem para os EUA
    Quando Sábado e domingo, em diversos horários e locais

    Painel Magic Potter
    O chapéu seletor da série "Harry Potter" colocará cada frequentador em uma das casas da escola de magia de Hogwarts
    Quando Sábado, às 16h, no auditório 2

    No exterior
    Quadrinistas brasileiros falam sobre sua experiência no Brasil e no mundo.
    Quando Domingo, às 15h, no auditório 2

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