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    Crítica: Historiador faz livro 'religioso e político' sobre Luther King

    CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    15/11/2014 02h20

    Dezesseis anos após seu lançamento nos EUA, chega ao Brasil o livro "A Autobiografia de Martin Luther King Jr.", na verdade uma compilação de textos, discursos, sermões, cartas, transcrições de filmes e áudios.

    O organizador do volume é Clayborne Carson, historiador da Universidade de Stanford, que foi próximo de King nos últimos cinco anos de sua vida, escolhido pela viúva, Coretta Scott King, como curador dos documentos do prêmio Nobel da Paz de 1964.

    King foi considerado por muitos como um verdadeiro santo. Sua importância para o movimento pelos direitos civis nos EUA e no mundo é incontestável.

    Até agora, quase meio século após a morte, sua influência ainda é sentida e ajuda a organizar movimentos contra injustiças sociais.

    Por isso, o livro continua atual, além de se constituir em leitura atraente e compensadora para qualquer pessoa que se interesse por história ou simplesmente por histórias humanas.

    No prefácio, Carson afirma que essa é uma obra "religiosa e política" mais do que "o estudo de uma vida privada".

    De fato, embora trate de sua condição de pai, marido, filho e –particularmente– de namorado da futura mulher (no capítulo 5), concentra-se na vida pública de Luther King. Não avança em detalhes de sua vida particular, e não haveria motivo para que o fizesse.

    No entanto, se isso tivesse ocorrido, talvez o leitor pudesse ter tido uma visão mais completa do líder, que –apesar de todas as suas imensas e inúmeras qualidades– também tinha, claro, vícios e fraquezas.

    Muitas apareceram, ironicamente, como resultado do trabalho que Carson fez ao longo de décadas, como curador dos documentos de King.

    A Autobiografia de Martin Luther King
    Clayborne Carson
    livro
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    Em 1990, por exemplo, Carson, claramente dividido entre a lealdade pelo ídolo e o dever do rigor acadêmico, reconheceu que a tese de doutorado de King e outros livros dele continham inegáveis casos de plágio.

    Nada disso diminui a importância da "autobiografia" (título muito criticado nos EUA quando o livro apareceu, por sugerir ser o que não é), plena de textos que revelam a inteligência superior, o humor mesmo nas situações dramáticas, o senso de dignidade e a agudeza política marcantes na personalidade de King.

    A edição brasileira é bem cuidada, com fotografias históricas e um índice remissivo de grande utilidade, o que faz justiça ao projeto original, que teve o cuidado de colocar uma cronologia ao início de cada capítulo para ajudar o leitor a se localizar na história.

    A AUTOBIOGRAFIA DE MARTIN LUTHER KING
    AUTOR Clayborne Carson
    EDITORA Zahar
    TRADUÇÃO Carlos Alberto Medeiros
    QUANTO R$ 59,90 (480 págs.)
    AVALIAÇÃO bom

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