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    Crítica: 'Let's Just Kiss' celebra o erro e a brincadeira do ator em cena

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    19/11/2014 02h24

    É uma peça sobre o teatro, em que os atores —entre os melhores dos elencos experimentais de São Paulo— fazem de conta que estão ali se despedindo do palco.

    E foi no segundo dia, quando, reza a lenda, tudo pode dar errado. E pelo menos uma coisa teria dado: uma falha nas caixas de som. Pelos relatos posteriores, foi erro de verdade, mas ao ver o espetáculo não estava claro. Propositalmente, nada estava claro.

    No início da apresentação, é lido um e-mail que teria acabado de chegar, da diretora Elisa Ohtake, instruindo o público a fazer de conta que era o último momento daqueles atores em cena. Paradoxalmente, a diretora surge logo em seguida no palco.

    Alguns minutos de intervalo, arrumou-se o som e o espetáculo continuou.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Atriz Luah Guimarães em cena da peça 'Let's Just Kiss...
    Atriz Luah Guimarães em cena da peça 'Let's Just Kiss...'

    Não poderia haver nada mais teatral, tirado da realidade —se, é claro, aquilo de fato tiver sido realidade.

    Nas performances de Elisa Ohtake, teatro, dança e artes plásticas se mesclam no que muitas vezes parece brincadeira. Para que funcionem, é preciso que espectador e ator aceitem o faz-de-conta.

    Apesar de num teatro de palco italiano, "Let's Just Kiss and Say Goodbye" procura romper a chamada quarta parede, a separação invisível.

    Mais que isso, porém, a premissa é que o ator se disponha a brincar com falas e cenas clássicas. Que rompa a resistência à troca incessante de personagens. Ninguém fez isso melhor, em meio aos entreveros do segundo dia, que Georgette Fadel.

    É intérprete de amplos recursos. Enfrenta de um animal de peça infantil a papéis clássicos, e em cada um mergulha com a facilidade de uma troca de figurino.

    Outros atores vão na mesma direção, mas com êxito mais pontual, caso de Luah Guimarães ao encontrar a representação muito engraçada de uma aranha. Rodrigo Bolsan se sai especialmente bem em diversas intervenções.

    Registre-se que a performance não escapa da impressão de ecoar um exercício. Sensação reforçada pelos objetos de cena que remetem a jogos, assim como os figurinos "prêt-à-porter" ou de ensaio, além do palco vazio, expondo as coxias.

    LET'S JUST KISS AND SAY GOODBYE
    ONDE Sesc Santana, av. Luiz Dumont Villares, 579, tel. (11) 2971-8700
    QUANDO sex. e sáb., 21h; dom., 18h
    QUANTO de R$ 9 a R$ 30
    AVALIAÇÃO bom

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