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    Doença de ator motiva 'sit-down tragedy'

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    21/11/2014 02h20

    O ator Nando Bolognesi, 45, diz que nunca gostou de comédia stand-up, mas se deu conta de que poderia estar fazendo algo no gênero com o espetáculo "Se Fosse Fácil, Não Teria Graça".

    Resolveu definir a peça, em que fica a maior parte do tempo sentado, como "sit-down tragedy". No espetáculo, ele conta sua história, marcada pela descoberta, aos 21 anos, de que era portador de esclerose múltipla, doença que causa perda progressiva de movimentos.

    Isso seria a parte trágica, não fosse Bolognesi um palhaço profissional. "A última coisa que queria fazer era uma peça lacrimosa, tipo ai, coitadinho'", diz.

    Divulgação
    Ator Nando Bolognesi no espetáculo 'Se Fosse Fácil Não teria Graça
    Ator Nando Bolognesi no espetáculo 'Se Fosse Fácil Não teria Graça'

    Nando usa muletas e cadeira de rodas. Mas segura o pique nos 80 minutos da peça, que inclui uns 10 minutos de "stand-up", quando, em pé, assume o personagem do palhaço Comendador.

    O personagem surgiu no grupo "Jogando no Quintal", em que atuou ao longo de quase uma década.

    Quando Bolognesi entrou para a Escola de Artes Dramáticas da USP, aos 25 anos, já tinha o diagnóstico de esclerose múltipla. "Fiquei na minha porque não queria ser café com leite. Fiquei sendo só o cara meio descoordenado".

    A descoordenação virou trunfo quando descobriu a linguagem do palhaço.

    Já no último ano do curso, depois de ter trabalhado em filmes como "Bicho de Sete Cabeças" e "Carandiru", participou de uma oficina de palhaços. "No primeiro dia, a diretora falou que o palhaço é aquele cara meio desadaptado. Boa: sou eu", conta o ator.

    Além do Jogando no Quintal, Bolognesi passou pelos Doutores da Alegria e criou um espetáculo solo, "Desabafo".

    "Se Fosse Fácil, Não Teria Graça" surgiu depois de ele ter passado por um transplante de medula, em 2009. O tratamento experimental acabou com os surtos da doença, mas piorou o enrijecimento das pernas.

    Em 2012, "numa fase braba de falta de grana", recebeu de um amigo a proposta de escrever o livro, "Um Palhaço na Boca do Vulcão" (editora Grua, 224 págs.), que foi a base do roteiro da peça.

    Bolognesi imaginava vender o espetáculo para eventos corporativos. "Mas meus amigos que assistiram falaram que não era uma palestra para empresas, era teatro."

    Por causa da produção, Nando foi convidado a se apresentar no Festival de Teatro de Curitiba deste ano.

    "Eu me senti como o aluno do fundão da Escolinha do Professor Raimundo, como me descobriram aqui?", afirma. "Mas me convenci de que estou fazendo teatro mesmo."

    SE FOSSE FÁCIL, NÃO TERIA GRAÇA
    QUANDO ter., às 21h; até 9/12
    ONDE Teatro Eva Herz, av. Paulista, 2073, tel. (11) 3170-4059
    QUANTO R$40
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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