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    Museu suíço aceita coleção que contém obras roubadas pelos nazistas

    DA AFP

    24/11/2014 12h28

    Um museu da cidade suíça de Berna informou nesta segunda (24) que aceitará a coleção de arte do alemão Cornelius Gurlitt, um tesouro de mais de mil obras, algumas delas roubadas dos judeus pelos nazistas.

    As obras roubadas ou de origem duvidosa da coleção serão conservadas a princípio na Alemanha para serem devolvida aos herdeiros e as que não foram espoliadas dos judeus serão transferidas para Berna.

    Christoph Schaeublin, presidente da Fundação do Museu de Belas Artes de Berna, informou em Berlim que trabalhará com as autoridades alemãs para que "todas as obras roubadas da coleção sejam devolvidas aos proprietários".

    Ruben Sprich/Reuters
    Pintura de Picasso intitulada 'Die schlummernde Trinkerin' (o bêbado adormecido) que pertence ao museu de Berna
    Quadro de Picasso 'Die schlummernde Trinkerin' (o bêbado adormecido) no museu de Berna

    "O Conselho da Fundação do Museu de Berna decidiu em uma reunião celebrada em 22 de novembro aceitar a herança de Cornelius Gurlitt, como desejava em seu testamento", afirmou Schäublin.

    A Alemanha disse estar disposta a restituir imediatamente três obras de arte saqueadas de judeus, incluindo um quadro de Matisse, roubado de Paul Rosenberg, avô da jornalista francesa Anne Sinclair, ex-esposa do ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Khan.

    Na herança de Gurlitt estão obras de Picasso, Monet e Chagall, que foram descobertas por acaso em 2012 no apartamento do alemão em Munique.

    O valor da herança é calculado em dezenas de milhões de euros, segundo a imprensa alemã.

    Uma prima de Cornelius Gurlitt, Uta Werner, 86 anos, reclamou na justiça a herança.

    Gurlitt, que morreu em maio aos 81 anos, era filho de um marchand que recebeu de Hitler a missão de saquear as obras de museus e colecionadores judeus, muitos deles mortos nas câmaras de gás.

    Durante uma inspeção fiscal de rotina, as autoridades localizaram o tesouro de 1.280 obras no abarrotado apartamento de Gurlitt.

    Mais de 300 obras também foram encontradas em uma casa em ruínas de Gurlitt em Salzburgo (oeste da Áustria).

    Apesar do colecionador nunca ter sido acusado pela justiça, as autoridades alemãs confiscaram todas as obras de Munique e as transportaram para um local secreto.

    Mesmo com o acordo entre as três partes, o destino da herança de Gurlitt ainda pode ser objeto de debate.

    O presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder, declarou recentemente à revista alemã Der Spiegel que o museu suíço não deveria aceitar a herança.

    "Abrirá uma caixa de Pandora e provocará uma avalanche de demandas", advertiu.

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