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    Mostra 'Cidade Gráfica' expõe design e ativismo

    MARA GAMA
    COLUNISTA DA FOLHA

    25/11/2014 02h28

    Um grupo chega ao estádio lotado para uma partida e segue para tomar seu lugar na arquibancada.

    Em movimento calculado para ser flagrado pelas panorâmicas das transmissões de TV, desfralda sua enorme bandeira. Em vez da tradicional evocação à garra de algum time de futebol, está escrita a pergunta: "Onde estão os negros?".

    De autoria do coletivo Frente 3 de Fevereiro, que se apropria de formas diversas de veiculação de informação, o vídeo pode ser visto na mostra "Cidade Gráfica", que traça um panorama das estratégias de design visual em mensagens que são trocadas na vida complexa das cidades.

    Bruna Canepa/Divulgação
    ‘Apartamento de 1 km’, desenho dos artistas paulistanos Bruna Canepa e Ciro Miguel; a obra faz parte da exposição ‘Cidade Gráfica’, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo
    'Apartamento de 1 km', desenho dos artistas paulistanos Bruna Canepa e Ciro Miguel; a obra faz parte da exposição 'Cidade Gráfica', em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo

    Manifestos, ativismo, pesquisa sobre o design regional espontâneo (ou vernacular), intervenções poéticas e ficções sobre o espaço fazem parte da exposição.

    O cartaz vazado "Sempre algo entre nós", de Vitor Cesar Junior, poderia ser a epígrafe da mostra, diz a curadora Elaine Ramos. "A ideia remete tanto à cidade como espaço que nos une quanto à função do design como mediação."

    O trio formado por Ramos, Celso Longo e Daniel Trench construiu um panorama fresco da produção contemporânea brasileira, partindo de uma seleção inicial de campo, completada por uma chamada pública de trabalhos. O resultado são 40 obras de 36 artistas e coletivos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Rio, Pará e Bahia.

    "Não estamos interessados em destacar excelência formal ou de acabamento", conta Longo. "Queremos privilegiar as questões colocadas pelos trabalhos, pelos designers, de maneira propositiva ", completa Elaine Ramos.

    PERCURSO ASSOCIATIVO

    A mostra não é dividida por seções, mas há percursos associativos, onde os temas se contaminam, explica Daniel Trench.

    Assim, numa área há trabalhos relacionados aos efeitos da lei Cidade Limpa em São Paulo, como as fotos de Lucia Mindlin Loeb da avenida Celso Garcia, mostrando o antes e o depois da legislação municipal que limita a publicidade em fachadas.

    Próximo a este trabalho estão expostas as "Empenas" de Andrés Sandoval, desenhos das empenas cegas (faces sem janelas de edifícios) vistas ao longo de uma caminhada pelo elevado Costa e Silva, o Minhocão.

    Um bom espaço é destinado à recuperação do design vernacular, partindo do trabalho "Tipos Malditos, 1998-2014", do mineiro Marcelo Drummond, que registrou placas e letreiros em Minas, Rondônia e Bahia e as classificou do ponto de vista morfológico, linguístico e geográfico. E seguindo pelo resgate precioso de 12 pintores letristas de Pernambuco feito pelo trio Damião Santana, Fátima Finizola e Solange Coutinho, na pesquisa que originou o livro "Abridores de Letras".

    Não deixe de ver o "Atlas Ambulante", de Renata Marquez e Wellington Cançado, livro que reúne as histórias, as imagens e traça uma cartografia dos percursos de seis ambulantes artesãos que trabalham nas ruas de Belo Horizonte.

    CIDADE GRÁFICA
    QUANDO ter. a sex., das 9h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h. Até 4/1/2014
    ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1776
    QUANTO grátis

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