Não tinha como dar errado. Primeiro, porque pegaram um filme que já tinha dado certo –o argentino "Elsa & Fred" (2005), sobre o romance de um casal de septuagenários– e o transportaram para os Estados Unidos.

Depois, convidaram duas grandes e queridas estrelas para interpretar os protagonistas: Shirley MacLaine e Christopher Plummer.

Então, chamaram para a direção o britânico Michael Radford, que havia demonstrado competência para materiais sensíveis em "O Carteiro e o Poeta" (1994).

Por fim, apelaram aos cinéfilos com referências ao clássico "A Doce Vida" (1960), de Federico Fellini.

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	Christopher Plummer e Shirley MacLaine em 'Elsa & Fred'

Quem poderia ser contra um filme sobre o amor entre septuagenários, baseado em original argentino, estrelado por MacLaine e Plummer, dirigido por um britânico sensível e inspirado em Fellini? Ninguém em sã consciência.

E, ainda assim, a versão deu errado. Para começar, é preciso dizer que o filme argentino era antes correto do que brilhante –longe do melhor que se produz lá.

Na transposição para os EUA, o caráter esquemático do roteiro foi evidenciado, em vez de atenuado. E os protagonistas se tornaram quase caricaturas: Elsa, "a velhinha excêntrica e hiperativa"; Fred, "o velho ranzinza, mas de bom coração".

Ela sonha em encontrar um amor para refazer a cena entre Anita Ekberg e Marcello Mastroianni na Fontana di Trevi, em Roma, de "A Doce Vida". Ele perde a mulher, quer sossego e é obrigado pela filha a se mudar para um apartamento ao lado dela.

Eles brigam, fazem as pazes, se amam. A previsibilidade é parte do pacote conforto. MacLaine e Plummer tentam, mas não podem trazer surpresa ao que é tão trivial. O diretor nem se esforça muito. E Fellini não faz milagre.

No fim das contas, "Elsa & Fred" talvez tenha dado errado simplesmente porque confiaram demais na fórmula para dar certo e não construíram um filme em torno dela.

ELSA & FRED
DIREÇÃO Michael Radford
ELENCO Shirley MacLaine, Christopher Plummer
PRODUÇÃO EUA, 2014, livre
AVALIAÇÃO ruim