Se uma das características da dança contemporânea, segundo os curadores da mostra Rumos, é fazer existir algo que não existia, o coreógrafo soteropolitano Jorge Alencar será explícito em sua apresentação na quinta (4).

Ele criou uma coreografia para o bailarino Fábio Osório Monteiro, com quem trabalha há 20 anos, e para o ator David Cardoso, 71, eterno rei da pornochanchada. Alencar, que também faz cinema, estreou em 2013 o filme "Pinta", em que homenageia Cardoso.

"Percebi que minha obra tem um elemento muito forte da pornochanchada: é erótica, decadente e carnavalizada, como Salvador, minha cidade", diz.

Cardoso, que não atua no filme em que é homenageado, vai participar da cena da dança contemporânea pela primeira vez. "Estamos trabalhando remotamente, ele mora no Mato Grosso do Sul. Agora ele vem para São Paulo, e o trabalho será presencial, não sei que bicho vai sair", conta Alencar.

Na coreografia, o bailarino Fábio Osório é quase um orixá ("incorpora situações de absurdo, de humor") e Cardoso, além de dançar, lê um texto do antropólogo italiano Massimo Canevacci sobre o conceito de enigma.