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    Microteatro RJ oferece self-service de peças

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    05/12/2014 02h50

    Se fosse filme, um curta. Se fosse um restaurante, seria self-service. No microteatro, formato nascido na Espanha em 2009, obras de até 15 minutos são encenadas ao mesmo tempo num só lugar. Do "cardápio", o espectador escolhe as peças e a ordem em que quer vê-las.

    Em cartaz no Castelinho do Flamengo, no Rio, o Microteatro RJ é a primeira edição brasileira do formato, segundo os organizadores.

    Com o tema "pela memória", sete peças de estilos que vão da performance à narrativa convencional contam histórias diversas: discursos políticos, triângulos amorosos, lembranças da infância.

    Entre os diretores, há nomes como Bráulio Mantovani, roteirista de "Cidade de Deus" (2002).

    "Quando ouvi falar do Microteatro, fiquei encantada porque eu não gosto de teatro", diz Júlia Mariano, um das realizadoras. "No micro, o espectador tem autonomia em relação ao que vai escolher."

    Uma regra do Micro é que as peças têm que ser encenadas num espaço de no máximo 15 m². Uma das peças se passa dentro de um carro, a atriz no banco do motorista e quantos membros do público couberem atrás.

    Para embrulhar o espectador no clima, os organizadores instalaram caixas de som dentro de garrafas quebradas que pendem do teto. O som que sai delas é um trabalho feito em cima do barulho das pisadas nas velhas escadas do Castelinho do Flamengo.

    Casarão art nouveau construído em 1918 para uma abastada família portuguesa, o Castelinho é digno de "A Família Addams": escadarias de madeira que rangem ao pisar, colunas e teto com ornamentos que lembram gárgulas e até uma torre.

    Diz uma lenda urbana carioca que nesta torre a rica moradora foi torturada e morta por seu tutor, em algum momento dos anos 1930.

    Os curadores tiveram como referência o espetáculo "Sleep No More", a "Hollywood do site-specific", como descreve Júlia Mariano. Em cartaz em Nova York desde 2011, a obra da companhia inglesa Punchdrunk ocupou três galpões abandonados para encenar uma versão de "Hamlet" onde os visitantes são convidados a percorrer livremente os ambientes, sempre vestindo uma máscara.

    O Microteatro foi fundado em Madri em 2009 quando os cofres públicos começaram a sangrar por conta da crise internacional, deixando as artes ao relento. A solução foi ocupar um prostíbulo, onde foram realizadas micropeças com o tema "Por Dinero". O Micro carioca não sofre da mesma seca: foi inteiramente financiado pela prefeitura.

    Os organizadores dizem que pretendem reeditar o Micro todos os anos, e quem sabe levá-lo a São Paulo. Por ora, só podem garantir que as micropeças não migrarão para palcos convencionais. "É inimaginável. A graça é exatamente não estar lá. Com o público que temos tido, deu para perceber o quanto os espectadores estão carentes por esse tipo de coisa", diz Lucas Paraizo, um dos realizadores.

    MICROTEATRO RJ
    ONDE Castelinho do Flamengo, Praia do Flamengo, 158, tel. (21) 2205-0655
    QUANDO sex. (5) e sáb. (6), das 19h às 24h
    QUANTO grátis
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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