• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 20:53:02 -03

    Kuduro das favelas de Lisboa é destaque em festival no Rio

    DANILA MOURA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

    06/12/2014 18h17

    No primeiro final de semana do festival carioca Novas Frequências, conhecido por trazer músicos com sonoridades fora do convencional, são os ritmos populares da África que dominam. E fazem o público chegado num som mais cabeçudo perder a pose.

    A programação da quarta edição do festival, que ocorre até 14 de dezembro, engloba shows, performances resultantes de residências artísticas, oficinas, festas e discussões sobre música contemporânea, processo criativo e mercado.

    Conforme definição do próprio evento, o Novas Frequências busca artistas que rompem com fronteiras pré-estabelecidas em busca de novas linguagens sonoras.

    Na sexta (5), a dupla inglesa Tarab Cuts, formada pelo saxofonista John Butcher e pelo baterista Mark Sanders, mostrou improvisações com toques de música árabe e sufi, embalados por violino, percussão e cantos em dialetos tribais. Porém, nada de forma convencional.

    O arco do violino servia de baqueta para a bateria e um gongo chinês. As notas no saxofone de Butcher soavam como gritos e ruídos de máquinas, alternado por solos clássicos de jazz. Apesar do estranhamento inicial, a dupla encerrou a noite aclamada por aplausos entusiasmados no espaço Oi Futuro em Ipanema.

    Na madrugada de sábado (6), no clube La Paz, o clima da boemia da Lapa combinou com as atrações mais dançantes, como o escocês William Bennett, fundador do lendário selo Whitehouse nos anos 1980, no projeto Cut Hands. Aqui ele mostrou suas batidas que flertam com o techno industrial e sons de atabaques usados em rituais satanistas de vodu da América Central.

    Francisco Costa/I Hate Flash/Divulgação
    O escocês William Bennett, do projeto Cut Hands, no festival Novas Frequências, no Rio
    O escocês William Bennett, do projeto Cut Hands, no festival Novas Frequências, no Rio

    KUDURO

    Pelo jeito, a macumba musical de Bennett abriu caminho para o público soltar os demônios com o kuduro futurista do músico português Marfox.

    Aos 25 anos, Marlon Silva virou um embaixador dos ritmos de periferia de Lisboa. Influenciado pela família originária da ilha de São Tomé e Príncipe, criou o selo Príncipe Discos.

    Misturando bass music e outros gêneros, ele dá uma roupagem ainda mais dançante e moderna ao kuduro. Ele e os comparsas do selo musical estão fazendo circular a nova cara da música eletrônica de Portugal, como DJ Nigga Fox, que já recebeu elogios da banda Radiohead.

    Indiscutivelmente, foi o som da favela que conquistou a noitada do festival de música "cabeçuda". Em São Paulo, o DJ Marfox se apresenta neste sábado (6) na festa Avalanche Tropical, no clube Neu, na região oeste.

    Francisco Costa/I Hate Flash/Divulgação
    O DJ português Marfox tocando no clube carioca La Paz, no festival Novas Frequências
    O DJ português Marfox tocando no clube carioca La Paz, no festival Novas Frequências

    PRATAS DA CASA

    Também ganharam os quadris do público os nacionais Omulu, em apresentação com Maga Bo, além de Mauro Telefunksoul e Som Peba, ícones do Bahia bass, movimento que repagina as sonoridades de ritmos típicos baianos com roupagem eletrônica contemporânea.

    Neste sábado, todas as atenções estão na performance do australiano Ben Frost, um dos mais aguardados do evento. Dono do elogiado disco "AURORA" (2014), Frost se apresenta às 21h no espaço Oi Futuro Ipanema. Os ingressos estão esgotados.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024