"O começo é difícil mesmo", diz a namorada ao vocalista da banda, que acabou de receber R$ 70 por um show num bar quase vazio. "Faz seis anos que tô nesse começo. Tô começando a achar que esse começo vai ser pra sempre", responde ele.

O diálogo resume bem o espírito da série "Meus Dias de Rock", que estreia no Canal Brasil nesta sexta (12), às 22h. O seriado de 12 episódios, ambientado no Rio, conta a história da banda Coelho Branco —nome em referência ao personagem de "Alice no País das Maravilhas".

Para além da falta de reconhecimento como músicos, os integrantes do grupo ainda passam por perrengues na vida como um todo.

O protagonista, Lucas, cria poesia e compõe ao mesmo tempo em que trabalha como vendedor numa sapataria decadente, tem contas atrasadas para pagar, uma mãe com câncer para cuidar e um pai, também músico, que está nem aí para a desgraceira da família.

	Divulgação
	O ator e diretor Bernardo Barreto como Lucas, protagonista de 'Meus Dias de Rock', do Canal Brasil

Bebidas, drogas e a vida marginal do Rio também não ficam de fora da série. Para empurrar o fusca velho do protagonista, que emperra na rua, por exemplo, a ajuda vem de uma dupla de travestis.

"A maioria das histórias sobre bandas de rock são muito em cima do sucesso, do glamour, e passam muito rápido pela parte do perrengue, que é quando surge tudo. Acho que isso foi pouco explorado na ficção", diz o ator Bernardo Barreto, 35, que vive Lucas, e está também por trás das câmeras, em sua estreia na direção.

Ele é também o idealizador, produtor e corroteirista —ao lado de Caio Sóh e José Carvalho. O rosto de Barreto é conhecido da TV por ter sido protagonista da "Malhação", na Globo, em 2006.

PRODUÇÃO

A banda Coelho Branco, apesar de ter sido formada especialmente para a série por atores que também são músicos, pretende não ser só fictícia, quer ganhar vida fora da tela —a exemplo do que fez a banda americana The Monkees, criada para programa de TV nos anos 1960.

Para isso, a direção musical é caprichada, assinada por Kassin, um dos produtores mais requisitados do mercado, que já trabalhou com nomes como Caetano Veloso. Os músicos Cícero e Wado, destaques na cena independente, criaram composições originais em parceria.

"As canções parecem de uma terceira pessoa, nem eu, nem o Cícero. É um exercício de chegar no tom do personagem", conta Wado, que trabalhou tendo como base os roteiros dos episódios.

"A gente compôs pensando na faixa etária [do programa, focado no público jovem] e nos músicos, que precisavam aprender a tocá-las. O início foi com um rock mais punk e depois colocamos até um pouco de bossa nova, em músicas mais sofisticadas", avalia ele.

"[A banda] tem a cara da cena indie carioca, do circuito que se criou depois de Mulheres Q Dizem Sim. E alguns momentos são muito pop. Poderiam remeter a Cássia Eller."

O primeiro disco da Coelho Branco, "Ficção, Delírio e Realidade", sai junto com a série. Na gravação do álbum, tocaram, entre outros, Kassin, Rodrigo Barba (Los Hermanos), Gabriel Bubu (Do Amor) e Artur Roman (Esperanza).

As músicas também ficarão disponíveis no site do programa. Apesar de só esta temporada estar aprovada pelo Canal Brasil, Barreto planeja fazer mais quatro —cada uma acompanhada de um novo CD.

Na tela, completam o quinteto Alexandre (André Coelho; bateria), Charles (Pedro Coelho; baixo), Felipe (Pedro Gracindo; teclados) e Vinícius (André Pfefer; guitarra). O sexto elemento, que não toca, mas acompanha a carreira de perto, é Binho (César Cardadeiro), irmão do protagonista, responsável pelos vídeos do grupo.

NA TV
Meus Dias de Rock
Estreia da série
QUANDO nesta sexta (12), às 22h, no Canal Brasil
CLASSIFICAÇÃO 18 anos