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    Crítica: Filme é mais para pais e avós que infantojuvenil

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    18/12/2014 02h16

    "O Segredo dos Diamantes" confirma Helvécio Ratton como um raro diretor brasileiro a investir com regularidade na realização de filmes para o público infantojuvenil.

    Depois de "A Dança dos Bonecos" (1986) e "Menino Maluquinho" (1995), a mistura de aventura com situações típicas da tradição mineira coloca seu novo filme num lugar pouco frequentado pela ficção para crianças e jovens, hoje movida a alta tecnologia e velocidade.

    O problema maior que a estreia em período de férias terá de resolver é: será que a combinação funciona?

    Estevam Avellar/Divulgação
    Rachel Pimentel, Matheus Abreu e Alberto Gouvea em cena do filme 'O Segredo dos Diamantes'
    Rachel Pimentel, Matheus Abreu e Alberto Gouvea em cena do filme 'O Segredo dos Diamantes'

    "Um filme para toda a família", anuncia o slogan do longa. Reconstituir a unidade familiar é também o fio do enredo de "O Segredo dos Diamantes". O filme começa com a viagem do adolescente Ângelo com seus pais rumo ao interior, onde vão reencontrar a avó dele e passar um tempo engordando com seus quitutes.

    Um evento trágico, contudo, interrompe a alegria e lança o garoto numa série de peripécias para conseguir salvar a vida do pai.

    Na busca de um tesouro perdido do século 18, Ângelo se junta à doce Júlia e ao sabido Carlinhos, amigos que completam as faces do espelho desenhadas para captar a diversidade das plateias e proporcionar identificação.

    O lado de aventuras da trama não tem nada muito diferente de filmes infantojuvenis de sempre, com os personagens longe dos pais tentando desvendar segredos e se metendo em embrulhadas de vários tamanhos.

    Só que em vez de sintonizar a aventura com a velocidade e sensibilidade contemporâneas, "O Segredo dos Diamantes" transpõe as situações para um ritmo e lugares que a tradição mineira e o folclore turístico consideram "autênticos".

    Nela, a verdade está guardada no passado, a história é o único caminho da revelação, o antiquário e os sebos são lugares que escondem segredos e as riquezas ficaram protegidas por astúcias da religião.

    Mesmo que seja louvável o investimento no resgate de tradições, a escolha pode ser um obstáculo para manter interessado o público infantil e juvenil atual.

    Para entreter a plateia contemporânea, o filme insere um punhado explícito de efeitos visuais, só que tropeça no ritmo da ação quando prefere enfatizar a mensagem, o aprendizado de lições. Assim, confunde-se mais com uma aula do que com um divertimento de férias.

    Se seu artesanato muito bem cuidado o afasta da memória do cinema circense dos Trapalhões, por outro lado o coloca em desigualdade se comparado a modos atualizados de rever o passado, como a franquia americana "Uma Noite no Museu".

    Em suma, se seu encantamento pode funcionar para pais e avós, filhos e netos que os acompanham ligarão toda hora os celulares para saber se falta muito para acabar.

    O SEGREDO DOS DIAMANTES
    DIREÇÃO Helvécio Ratton
    ELENCO Matheus Abreu, Rachel Pimentel, Alberto Gouvea
    PRODUÇÃO Brasil, 2014, 10 anos
    AVALIAÇÃO regular

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