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    Crítica: Falta algo a filme para superar limite da imitação da vida

    RICARDO CALIL
    CRÍTICO DA FOLHA

    21/12/2014 02h40

    "Karen Chora no Ônibus" é mais uma prova de que o drama naturalista está dominado na América Latina.

    Realizado em 2011 e só agora lançado no Brasil, o longa de estreia do diretor colombiano Gabriel Rojas Vera reafirma características de uma certa safra latina recente.

    A saber, a aposta em um realismo intimista, que evita a alegoria sociopolítica; o cuidado com a construção do protagonista; personagens influenciados por seu meio, mas não determinados por ele; e os silêncios tão valorizados quanto os diálogos.

    Divulgação
    Cena do filme 'Karen Chora no Ônibus'
    Cena do filme 'Karen Chora no Ônibus'

    Quase sempre diante da câmera está Karen (Ángela Carrizosa). Na primeira cena, justifica o título: é flagrada chorando em um ônibus de Bogotá. Como o diretor dribla também o psicologismo, não sabemos o porquê.

    Mas, aos poucos, o filme nos apresenta o momento de Karen: depois de se separar de um marido burguês, ela se abriga em uma espelunca, começa a aplicar pequenos golpes para sobreviver e se torna amiga de uma cabeleireira que possui aquilo que parece lhe faltar: vitalidade.

    Em um filme tão centrado em um personagem, o desempenho da atriz se torna fundamental. E Carrizosa se mostra à altura, com rosto ao mesmo tempo expressivo e indecifrável. Mas, se por um lado o longa mostra as virtudes do naturalismo, por outro esbarra em suas limitações. Falta algo que o faça transcender a imitação da vida, seja o risco, o humor, a fantasia.

    É uma barreira que outros filmes latinos recentes –como o chileno "Gloria" ou o venezuelano "Pelo Malo"– souberam ultrapassar. Mas que se torna a linha de chegada de "Karen Chora no Ônibus".

    KAREN CHORA NO ÔNIBUS
    (KAREN LLORA EN UN BUS)
    DIREÇÃO Gabriel Rojas Vera
    ELENCO Ángela Carrizosa, María Angélica Sánchez
    PRODUÇÃO Colômbia, 2011, 14 anos
    AVALIAÇÃO regular

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