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    'Hilda Furacão' morre na Argentina um dia antes de completar 84 anos

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES

    29/12/2014 15h31

    Hilda Maia Valentim, a mulher que inspirou a personagem Hilda Furacão, do romance e da minissérie de mesmo nome, morreu em Buenos Aires na manhã desta segunda (29).

    Hilda morreu por problemas no sistema respiratório. Ela estava internada em um asilo da prefeitura de Buenos Aires para idosos. Segundo a assistente social responsável, a brasileira Marisa Barcellos, Hilda não estava comendo havia mais de uma semana e estava sendo hidratada com sondas.

    "A Hilda morreu de morte natural, não morreu na rua nem sem assistência", afirma Barcellos. Na terça (30), ela completaria 84 anos.

    Felipe Gutierrez/Folhapress
    Hilda Maia Valentim, que inspirou a personagem Hilda Furacão, em um asilo de Buenos Aires
    Hilda Maia Valentim, que inspirou a personagem Hilda Furacão, em um asilo de Buenos Aires

    Quando Hilda apareceu no asilo para idosos em maio, Barcellos decidiu investigar o passado e imaginou que ela talvez fosse a mesma mulher que havia inspirado o autor Roberto Drummond, autor do romance "Hilda Furacão".

    A assistente social entrou em contato com o jornalista Ivan Drummond, que é parente de Roberto, que confirmou a identidade e publicou uma reportagem no jornal "O Estado de Minas".

    No livro que inspirou a série, Hilda é uma filha da elite de Belo Horizonte que vira prostituta. Hilda Maia Valentim nunca pertenceu à elite mineira. Ela se casou com um jogador de futebol, Paulo Valentim, que foi contratado pelo Boca Juniors nos anos 1960. Ele virou um ídolo local e a família acabou se estabelecendo em Buenos Aires.

    O jogador de futebol morreu há 30 anos, em 1984.

    Não vai haver velório para Hilda. Ela não recebia visitas de familiares. O corpo dela deve ser levado ao cemitério de Chacarita, em Buenos Aires.

    VIDA REAL

    Na série, Hilda foi interpretada por Ana Paula Arósio, em seu primeiro papel de protagonista. A história foi adaptada de um romance do jornalista Roberto Drummond (1933-2002). Parte do livro se passa em um clube de ricos de Belo Horizonte, onde a personagem seduz os jovens promissores da sociedade.

    Mais tarde, ela vira uma profissional do sexo, o que escandaliza a cidade.

    Na vida real, Hilda Furacão era pobre. Migrou com a família do Recife quando ainda era criança. Depois de ficar conhecida em Belo Horizonte, casou-se com um jogador de futebol e sumiu.

    Quem a encontrou foi a assistente social capixaba Marisa Barcellos, que vive na Argentina há mais de 20 anos e atende os idosos do asilo Guillermo Rawson. Em maio deste ano, soube que havia chegado uma brasileira, vinda de um hospital. A idosa não tinha lugar para morar e foi encaminhada para o local. A informação foi revelada pelo jornal "Estado de Minas" no dia 27 de julho.

    Valentim disse não gostava de ser chamada de Furacão, mas confirmou que era o seu apelido, ganho por ser muito briguenta.

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