• Ilustrada

    Saturday, 18-May-2024 22:17:55 -03

    Bandas muito boas não tiveram o destaque merecido neste ano

    THALES DE MENEZES
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    30/12/2014 02h01

    Ferrorama, aquele antigo brinquedo de trenzinho, batizou a banda de rock dos três irmãos adolescentes Pimentel. Eles cresceram e passaram a levar a coisa mais a sério quando o amigo Piti entrou para o grupo. Veio o nome Ted Marengos.

    Quem acompanha o circuito de shows independentes já está se acostumando com esse nome. E quem já viu o quarteto tocar ao vivo conhece o bom repertório de rock retrô do álbum de estreia da banda paulistana, "Firstprints".

    O Ted Marengos tem Julio Pimentel, 27 (vocal e guitarra), Piti Knoepfelmacher, 21 (guitarra solo), Luiz Pimentel, 25 (baixo). e Thomaz Pimentel, 22 (bateria).

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Um brinde do Ted Marengos, com Piti Knoepfelmacher (loiro) e os irmãos Pimentel, Julio (chapéu), Thomaz (cartola) e Luiz
    Um brinde do Ted Marengos, com Piti Knoepfelmacher (loiro) e os irmãos Pimentel, Julio (chapéu), Thomaz (cartola) e Luiz

    Há como obter pistas do som do quarteto mesmo antes de ouvir qualquer música. Eles se vestem com alguns detalhes que apontam para um figurino de western —chapéu, botas, lenço no pescoço, casacos que até ficariam bem cobertos pela poeira de cavalgadas. E o selo do CD traz imagem de uma ferradura.

    É rock, às vezes até parece britânico, mas tem muita ligação com o rock sulista americano dos anos 1970.

    Bandas de irmãos são muito comuns, mas porque o clã Pimentel se afinou tanto em um estilo? "O som do Ferrorama era mais infantil, bem cru, e aí a gente evoluiu", conta Julio à Folha.

    "A gente passou a entender outros tipos de som", prossegue Luiz. "O Julio começou a ouvir rock e a gente entrou na onda. Sabe como é, ele era o irmão mais velho."

    "E nossos pais sempre escutaram música, eles ouviam o que se chama hoje classic rock", diz Thomaz.

    Piti recorda sua entrada na banda, há três anos. "Eu estudava com o Thomaz, sabia que ele tinha uma banda com os irmãos. Um dia ele chegou me sondando. O cara disse: 'Eu sei que você toca um violãozinho'. Falou desse jeito!".

    Na primeira audição com o "candidato", eles emendaram "Sgt. Pepper's" com "With a Little Help from My Friends" e a paixão pelos Beatles fechou o acordo.

    NA CASA DOS BEATLES

    Curiosamente, o álbum foi masterizado nos estúdios Abbey Road, casa das gravações dos Beatles nos anos 1960 e celebrizada por eles no álbum do mesmo nome, em 1969.

    Luiz explica que o trabalho lá fora custaria praticamente o mesmo preço que seria cobrado no Brasil. Como clientes, puderam entrar e conhecer o lugar. "Para nós foi como ir à Disneylândia."

    O Ted Marengos é levado com dedicação full-time. "A banda foi um alívio para todo mundo, uma coisa que a gente pode experimentar do que quiser", diz Julio.

    Thomaz acha que o Brasil é um país com dificuldades para quem quer viver de música. "Graças a Deus a gente tem o apoio dos pais. Não precisamos ir trabalhar em um banco fazendo coisas que a gente não gosta."

    Os integrantes da banda defendem que o Ted Marengos é um "estudo diário, um trabalho profissional".

    O primeiro CD do Ferrorama foi gravado em 2005. De lá para cá, são nove anos tentando se firmar como músico profissional. "A gente já teve que pagar para tocar, no esquema de arcar com uma cota de ingressos", afirma Luiz.

    A banda conseguiu fazer uma festa de lançamento do disco e tenta divulgá-lo em todos os lugares. Está à venda nos shows, no iTunes e vai para os grandes magazines.

    Se "Firstprints" chegasse a alguma rádio paulistana com bandeira de classic rock, muitas faixas poderiam fazer sucesso. São rocks maduros, encorpados, como "Somewhere Else", "Blue Wing" (com ótima harmonia de vocais), "This Girl" e, lógico, o cover de "Ohio", de Neil Young.

    E o Ted Marengos tem um bom punhado de novas canções. "Já dá para gravar o terceiro disco", brinca Luiz.

    "Firstprints" pode ser escutado ou comprado no site tedmarengos.com.br.

    OUTROS QUE MERECEM UMA ESCUTADA

    Scalene

    O quarteto brasiliense tem dois discos lançados: o EP "Cromático" (2012) e o álbum "Real/Surreal" (2013). Faz rock de guitarra, com letras em português. A banda é vigorosa ao vivo, e os paulistanos vão poder comprovar no Lollapalooza Brasil 2015, em abril. A formação do Scalene tem Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra e teclado), Lucas Furtado (baixo) e Philipe Conde Nogueira (bateria). Vale ver assistir no YouTube "Surreal", "Danse Macabre" e "Amanheceu". Os discos podem ser baixados no site bandascalene.com.br,

    The Moondogs

    Há muitas coisas que chamam a atenção para o quarteto paulistano, que abriu show de Jake Bugg em São Paulo. Os figurinos estilosos, claro. A produção do álbum "Black & White Woman" na mão de Gustavo Riviera, do Forgotten Boys. A mistura de som de garagem com classic rock. As letras em inglês. Com tudo isso, ninguém liga que o vocalista e guitarrista Johnny Franco seja filho de Moacyr Franco. Completam o time Gabriel Gariani (baixo), Renan Ribeiro (guitarra) e Gabriel Borsatto (bateria). O disco pode ser ouvido em themoondogs.com.br.

    Adriah

    Até os 15 anos, Adriah era uma promessa adolescente no "Programa Raul Gil". Com 21, fez neste ano um dos melhores shows do festival brasiliense Porão do Rock. Ao lado dos músicos que gravaram seu primeiro e homônimo CD, de 2013, ela mostrou em sua cidade algumas das músicas autorais que dão ao disco uma aura de rock setentista e confessional. Para fechar o show, mandou ver cover de "Immigrant Song", do Led Zeppelin. Adriah tem outras surpresas em muitos clipes. Acompanhe os singles e os vídeos recentes em facebook.com/adriahmusic.

    Bula

    O trio santista Bula é uma espécie de filhote do Charlie Brown Jr., que terminou no ano passado com as mortes de Chorão e Champignon, mas já anda com as próprias pernas. Marcão Britto e Pinguim, respectivamente guitarrista e baterista do Bula, tocaram no CBJ. A baixista Lena Papini foi da Banca, grupo de vida curta formado por Champignon para seguir o trabalho do CBJ. As músicas novas, cantadas por Marcão, ficam entre o punk e o grunge. O trio soltou o CD "Não Estamos Sozinhos" (Deck), e foi escalado para o Lollapalooza Brasil 2015.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024