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    Mostra de Sganzerla resgata 'Copacabana Mon Amour'

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    08/01/2015 02h30

    "O Terceiro Mundo vai explodir. Quem tiver sapato não sobra", berra um anão que esperneia no filme "O Bandido da Luz Vermelha" (1968).

    A partir desta quinta (8) até domingo (11), o Museu da Imagem e do Som exibe mostra com seis longas dirigidos por Rogério Sganzerla (1946-2004), incluindo "O Bandido".

    Também estão programados debate sobre sua obra e lançamento de DVD restaurado de "Copacabana Mon Amour" (1970).

    Figura central do cinema brasileiro, o diretor catarinense levou às telas os anti-heróis desse Terceiro Mundo: de prostitutas com desejos de se tornarem cantoras de rádio a larápios da Boca do Lixo.

    Para parte da crítica, Sganzerla foi a antítese de Glauber Rocha e do cinema novo, que o primeiro apoiou no início mas depois criticou por ter "abandonado a radicalidade".

    Divulgação
    Créditos: Divulgação Legenda: cena do filme "Copacabana Mon Amour" ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    A atriz Helena Ignez em cena de 'Copacabana Mon Amour', de Sganzerla

    "Na verdade, são parecidos: são ambos barrocos. Mas Glauber era líder de um movimento. E Rogério, mais solitário", diz o documentarista Joel Pizzini, diretor de "Mr. Sganzerla" (2011), sobre o cineasta.

    Pizzini participa de debate sobre a obra do homenageado no dia 10, com a atriz Helena Ignez, viúva de Sganzerla, e os críticos Ruy Gardnier e Inácio Araujo, este da Folha.

    Na noite de hoje, abertura do evento, há coquetel de lançamento do DVD de "Copacabana...", que levou um ano e meio para ser restaurado, segundo Helena Ignez. A atriz e diretora também fez parte da curadoria da retrospectiva.

    Além de "O Bandido" e "Copacabana", a mostra exibe a ficção "Abismu" (1977), produção mais escrachada, com Norma Bengell e José Mojica Marins nos papéis principais.

    Completam a programação a ficção "Nem Tudo É Verdade" (1986) e o documentário "Tudo é Brasil" (1998), ambos girando em torno de uma das obsessões de Sganzerla: a passagem do cineasta Orson Welles pelo Brasil, tema que também é abordado na ficção "O Signo do Caos" (2003), último filme dirigido por ele.

    "O cinema para ele não terminava nunca", diz Pizzini. Certa ocasião, lembra, quando o tumor cerebral de Sganzerla já estava em estágio avançado, viu o diretor ter uma convulsão e ser buscado por uma ambulância. "Na maca, ele virou para mim e perguntou: 'Cadê a câmera?'"

    MOSTRA ROGÉRIO SGANZERLA
    QUANDO de 8/1 a 11/1
    ONDE MIS (Museu da Imagem e do Som), av. Europa, 158 tel. (11) 2117 4777
    QUANTO R$ 6 (inteira)
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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